OS MÚLTIPLOS ASPECTOS DO TERMO FÉ EM LUTERO

 OS MÚLTIPLOS ASPECTOS DO TERMO FÉ EM LUTERO

Doutor Raymundo Cortizo Perez, (Th. D.)
Filosofia, Teologia, História da Igreja ,Reforma protestante, Martinho Lutero
A terminologia escolástica deu origem a certas confusões sobre o termo, algumas das quais ainda perduram. Fides significava uma deliberação preliminar do crente, um ato de adesão confiante à totalidade da doutrina da Igreja infalível. Tal fé era implícita, isto é, referia-se ao conjunto das doutrinas ainda mal conhecidas e compreendidas. Pressupunha, pois o sacrificium intellectus, a decisão de abster-se de todo o exame crítico das doutrinas, retroativamente, presente e futuro. 2 O termo "fé" era empregado pelos Reformadores de uma forma diferente, como será observado, o termo era usado para designar a consciência da presença dominadora de Deus.Os reformadores e a justificação pela fé Nos moldes do cristianismo medieval, os catecismos católicos atuais por vezes traduzem "ter fé" ou "ser crente" por "admitir como verdade o que a igreja ensina. Para os Reformadores, "fé" tinha um sentido mais rico, do mesmo modo como o termo grego correspondente pistis, nas epístolas paulinas, ao qual se reportavam os Reformadores. Ressaltaram que, "justificação pela fé e não pelas obras", jamais significa "sem obras", visto que fé, entendida como sinônimo de contato real e vivificante com Deus, produzia invariavelmente uma vida nova.
Os reformadores e a justificação pela fé

Nos moldes do cristianismo medieval, os catecismos católicos atuais por vezes traduzem "ter fé" ou "ser crente" por "admitir como verdade o que a igreja ensina. Para os Reformadores, "fé" tinha um sentido mais rico, do mesmo modo como o termo grego correspondente pistis, nas epístolas paulinas, ao qual se reportavam os Reformadores. Ressaltaram que, "justificação pela fé e não pelas obras", jamais significa "sem obras", visto que fé, entendida como sinônimo de contato real e vivificante com Deus, produzia invariavelmente uma vida nova
OS MÚLTIPLOS ASPECTOS DO TERMO FÉ EM LUTERO

“No que diz respeito a fé, perguntas já são respostas”
A terminologia escolástica deu origem a certas confusões sobre o termo, algumas das quais ainda perduram. Fides significava uma deliberação preliminar do crente, um ato de adesão confiante à totalidade da doutrina da Igreja infalível. Tal fé era implícita, isto é, referia-se ao conjunto das doutrinas ainda mal conhecidas e compreendidas. Pressupunha, pois o sacrificium intellectus, a decisão de abster-se de todo o exame crítico das doutrinas, retroativamente, presente e futuro.
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O termo “fé” era empregado pelos Reformadores de uma forma diferente, como será observado, o termo era usado para designar a consciência da presença dominadora de Deus.
Os reformadores e a justificação pela fé

Nos moldes do cristianismo medieval, os catecismos católicos atuais por vezes traduzem “ter fé” ou “ser crente” por “admitir como verdade o que a igreja ensina.
Para os Reformadores, “fé” tinha um sentido mais rico, do mesmo modo como o termo grego correspondente pistis, nas epístolas paulinas, ao qual se reportavam os Reformadores. Ressaltaram que, “justificação pela fé e não pelas obras”, jamais significa “sem obras”, visto que fé,entendida como sinônimo de contato real e vivificante com Deus, produzia invariavelmente uma vida nova.
Lutero e a intuição da realidade transcendente

Para Lutero, a fé era um mundo cuja riqueza, infinita como opróprio Deus, jamais poderia ser esgotada. Ele empregava frequentemente o termo ceder para caracterizar a fé. “Importaaceitar a palavra,
ceder-lhe e a ela sujeitar-se com humildade. É assim, e somente assim, que seremos justificados”.
“Importa ceder a Deus quando ele nos julga, ceder-lhe quando nos oferece ajuda, ceder-lhe quando nos coage”.
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Nesse sentido, a fé foi pensada como o momento do encontro com Deus. A intuição imediata de realidades transcendentes, e conhecimento dessas realidades. No Curso sobre a Epístola aos Hebreus, ministrada em 1517 e 1518, Lutero fez a seguinte
afirmação:
A fé é a vida em Deus, a vida da alma, a vida do cristão. Pela fé, Deus, Cristo e todas as forças benéficas do universo são conosco, ou antes, são em nós. De tal modo a fé exalta o homem etransporta-o para junto de Deus, que Deus e o coração humano tornam-se uma só realidade. É a fé que nos comunica a graça justificadora. Nada nos une a Deus, senão a fé; e nada nos pode separar, senão a falta de fé.
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Por conseguinte, a fé diz respeito ao homem total: ela é a experiência do Deus que nos humilha para agir em nós, a fim de que possamos viver em Deus. Pela fé o cristão é livre, senhor de todos as coisas, e a ninguém subordinado. Enquanto que, pelo amor (que deriva da fé) o cristão é o servo submisso a todos.
O dualismo da teologia protestante do século XIX

Na Alemanha no século XIX, com os teólogos liberais, foi defendida a ideia de que a vida cristã não passa de uma dimensão íntima da alma, quando muito da família, e que, quanto o mais, o cristão terá
de conformar-se com o Estado ou com a economia. Lutero não faz distinção entre “homem interior” e “homem exterior”. Ele pensa o“homem único”, total, o verdadeiro cristão no duplo aspecto de sua existência, a vida exterior é fruto do contato entre alma e Deus.
Para agir no mundo material, a alma necessita de um instrumento dócil. Daí ser necessário dominar o corpo e fazer dele um órgão de ação, a fim de poder dar-se integralmente, pois o cristão deve antes possuir-se totalmente, o que só consegue pela fé.
Ser cristão é voltar-se com Deus para o próximo. Devemos ir em socorro dos nossos irmãos com todos os meios de que dispomos, a fim de sermos, cada um de nós, um Cristo par o seu próximo. Pela fé o cristão supera-se a si mesmo, alcança a Deus, e de Deus desce em amor humilhando-se no encontro com o próximo, como sinal de comunhão com Deus.
Fé e amor como sinônimos

Em 1520, o capelão da corte Espalatino, solicitou a Lutero que refutasse a acusação que se lhe fazia de que, pregando a salvação pela fé, desinteressava-se das obras e da vida cristã. Foi então que Lutero escreveu o Sermão sobre as boas obras. Afirmando que, no fundo, amor e fé são mesma coisa: “Deus prova
o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.
Lutero tem a firme convicção de que a confiança em Deus e o amor para com ele desencadeiam todo o impulso indispensável para as boas obras. Sendo assim, não há necessidade, nem utilidade, em
prescrevê-las minuciosamente. “No movimento contínuo que é a vida, ela nos apresenta situações inéditas para honrar a Deus e servir ao próximo, que nenhuma regulamentação poderia prever”.
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A fé traz boas obras e é irresistível. Pois tal como um ser humano vivo não pode deixar de se mexer, de comer, beber e ter ocupação – e não é possível que tais obras não aconteçam; porquanto ele vive, nem é necessário mandá-lo ou pressioná-lo a fazer tais obras, pois basta estar vivo que ele as fará – da mesma forma também não se precisa nada mais para praticar boas obras do que dizer: “Crê somente, e farás tudo com naturalidade”.
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O cristão pratica o bem por amor ao bem

Em todo momento Deus está detrás da parede a observar pela janela, ou seja, ele esta sempre presente. “Estão longe da fé aqueles que só pensam em acumular suas pequenas boas obras a fim de
reivindicar recompensas”.
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Lendo a epístola aos Romanos, Lutero afirma que a fé é obra de Deus. Recebemo-la como dom.
Um de seus efeitos é a confiança viva e audaciosa na graça de Deus. O segundo efeito da fé, é transformação, as faculdades são totalmente mudadas pelo Espírito Santo. Essa realidade viva,atuante e criado que é a fé, não pode deixar de operar o bem. É impossível separar as obras da fé, como é impossível separar o calor da chama.
O teólogo alemão Gerhard Ebeling, diz que:
Através da fé, o ser humano é colocado entre Deus e seu próximo, como instrumento que recebe de cima e em baixo passa adiante, tornando-se cano, por assim dizer, através do qual a fonte dos bens divinos deve fluir incessantemente em direção a outras
pessoas.

A Parábola do Bom Samaritano: 5 Lições Poderosas

 A Parábola do Bom Samaritano: 5 Lições Poderosas

Prof. Raymundo Cortizo Perez
Você provavelmente já ouviu ou leu a história do Bom Samaritano no Evangelho de Lucas. Um homem é roubado, espancado e deixado quase morto. Um sacerdote e um levita o veem, mas passam por ele, e um herói improvável, um samaritano, é quem ajuda.
Talvez você tenha se visto no sacerdote ou levita que passou pelo homem ou no samaritano que parou para ajudar. Mas você já se viu no homem indefeso meio morto?
O Bom Samaritano é uma parábola contada por Jesus a um especialista na lei, registrada por Lucas em seu relato histórico do evangelho.
Este especialista na lei, perguntou a Jesus o que ele deveria fazer para herdar a vida eterna, a fim de testá-lo. Certamente o homem conhecia a lei muito bem e se esforçaria para obedecê-la da melhor maneira possível.
Jesus respondeu primeiro ao homem com uma pergunta e pediu-lhe que declarasse o que estava escrito na lei. A resposta do homem se assemelhava a Dt 6:5 e Lv 19:18:
“Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento; e, Ame o seu próximo como a si mesmo.” – Lucas 10:27
Então Jesus disse ao homem que ele estava certo e que fazendo isso viveria.
Mas Lucas nos diz que o homem queria se justificar, então ele fez outra pergunta a Jesus: “Quem é o meu próximo?”
Da declaração anterior do homem sobre a lei, “ame o seu próximo como a si mesmo” teria sido citado em Lv 19:18 , onde o contexto de “próximo” se refere a “seu povo”, de acordo com a Bíblia de Estudo NIV. Isso significaria que o homem considerava os judeus como seus vizinhos.
Jesus respondeu a esta pergunta com uma parábola. Quando a parábola começou, talvez o homem pensava que estava indo bem. Mas Jesus mudou as coisas ao incluir um samaritano como a terceira pessoa a encontrar o homem meio morto em vez de um bom judeu.
Qual é a história do Bom Samaritano na Bíblia

Em Lucas 10, a historia é assim:
Um judeu estava viajando de Jerusalém para Jericó e foi atacado por bandidos. Eles o despiram, espancaram-no e o deixaram meio morto à beira da estrada. Por acaso apareceu um sacerdote. Mas quando viu o homem deitado ali, atravessou para o outro lado da estrada e passou por ele. Um levita aproximou e olhou para ele deitado ali, mas ele também passou do outro lado. Então apareceu um desprezado samaritano e, quando viu o homem, sentiu compaixão por ele. Aproximando-se dele, o samaritano acalmou suas feridas com azeite e vinho e as enfaixou. Em seguida, colocou o homem em seu próprio jumento e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte, ele entregou ao estalajadeiro duas moedas de prata, dizendo-lhe: Cuide deste homem. Se a conta dele for mais alta do que isso, eu te pagarei na próxima vez que estiver aqui”. Lucas 10:30-37
O que é um samaritano, um sacerdote e um levita?

Na Bíblia, o termo “samaritano” refere-se originalmente aos habitantes da região de Samaria, uma área localizada entre a Galileia e a Judeia. Após a divisão do reino de Israel, Samaria tornou-se a capital do Reino de Israel do Norte. No entanto, após a conquista assíria, muitos samaritanos foram exilados e estrangeiros foram trazidos para a região, resultando em uma mistura de culturas e religiões.
Como resultado dessa mistura, os samaritanos eram considerados impuros e heréticos pelos judeus da época. Isso levou a uma tensão e hostilidade entre os judeus e os samaritanos, conforme retratado em vários relatos bíblicos, incluindo o encontro de Jesus com a mulher samaritana no poço (João 4:1-42).
Um sacerdote é um termo usado para descrever um membro da tribo de Levi que era responsável por desempenhar funções religiosas no templo de Jerusalém. Os sacerdotes realizavam os sacrifícios e cerimônias religiosas prescritas pela lei mosaica. Eles também eram responsáveis por ensinar a Lei de Moisés ao povo.
Os levitas, por sua vez, eram membros da tribo de Levi que não pertenciam à linhagem sacerdotal. Eles desempenhavam funções auxiliares no serviço do templo, como ajudar os sacerdotes nas tarefas diárias e manter o templo em ordem. Os levitas também ensinavam a Lei e desempenhavam um papel importante na adoração e no serviço religioso em Israel.
Na parábola do bom samaritano, contada por Jesus (Lucas 10:25-37), um samaritano é retratado como um estrangeiro que demonstra compaixão e ajuda a um homem que foi assaltado e deixado à beira da estrada, enquanto um sacerdote e um levita passam por ele sem prestar assistência.
Aqui estão 5 lições que podemos aprender com a história do bom samaritano:
lições que podemos aprender com a história do bom samaritano

1. O bom samaritano estava disposto a se envolver
Podemos citar as escrituras e recitar chavões sobre o amor e Deus, mas a menos que estejamos dispostos a nos envolver na vida dos outros, estamos apenas levantando poeira.
O samaritano tratou e enfaixou as feridas. Ele colocou o homem ferido em seu jumento. Ele o levou para uma pousada e cuidou dele durante toda a noite.
O samaritano poderia ter dito a si mesmo: “Eu já dou oferta na minha igreja. Eu ajudo obras de caridade. Eu já fiz a minha parte.” Mas ele teve compaixão… e agiu diferente.
2. O bom samaritano ignorou o racismo
Mesmo sendo considerado um “desprezado samaritano”, ele se elevou acima de tal superficialidade para cuidar de um ser humano.
Eu comparo as ações do samaritano com um escravo americano do século 19 mostrando compaixão por um dono de plantação ou um prisioneiro judeu demonstrando preocupação com um guarda nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
3. O bom samaritano tinha dinheiro
A ex-primeira-ministra da Inglaterra Margaret Thatcher certa vez observou: “Ninguém se lembraria do Bom Samaritano se ele tivesse apenas boas intenções – ele também tinha dinheiro”.
Margaret Thatcher estava certa: este era um homem que administrava seu dinheiro.
Ele, sem dúvida, vivia com um orçamento, gastava menos do que ganhava e mantinha um fundo de contingência para despesas inesperadas.
Minha esposa e eu percebemos perfeitamente que precisamos ser muito intencionais se vamos ter um fundo de doação, então colocamos dinheiro em um “envelope de bênção” todos os meses.
Dessa forma, ao ajudar, despertou nossa atenção para as necessidades ao nosso redor.
4. O bom samaritano tinha um bom nome
É de se perguntar se o samaritano já esteve naquela pousada antes, talvez pagando a estadia de algum outro necessitado.
No entanto, o que sabemos é isso: o estalajadeiro confiou no samaritano, provavelmente porque ele provou ser confiável.
5. O bom samaritano foi generoso
O samaritano não sabia por quanto tempo o ferido ficaria de cama, mas estou supondo (porque o texto dizia que o ataque o deixou “meio morto”), que poderia ser uma estadia prolongada. De qualquer forma, o bem-estar desse estranho era mais importante para nosso bom samaritano do que qualquer custo. Novamente, essa generosidade nunca teria sido possível se ele não tivesse dinheiro em primeiro lugar.
A mensagem central desta história é que, se quisermos ser bons vizinhos, precisamos ser mais como o samaritano. A mensagem implícita é ficar forte e permanecer forte financeiramente para que possamos ter os meios para agir de acordo com nossas boas intenções.
Jesus conclui com esta admoestação: “Vá e faça o mesmo”. Quando aprendermos essa lição, nós e o mundo ao nosso redor seremos melhores por isso.
Resumo das Ações do Samaritano em Auxílio ao Homem Ferido

1. O samaritano viu o homem ferido: “Descendo pelo mesmo caminho, descia um sacerdote; e vendo-o, passou de largo.” (Lucas 10:31)
2. O samaritano teve compaixão do homem: “Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, teve compaixão.” (Lucas 10:33)
3. O samaritano cuidou dos ferimentos: “E aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele.” (Lucas 10:34)
4. O samaritano levou o homem para uma estalagem: “Levou-o para uma estalagem e cuidou dele.” (Lucas 10:34)
5. O samaritano continuou cuidando do homem durante a noite: “E no dia seguinte, tirando dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.” (Lucas 10:35)
Significado da Parábola do Bom Samaritano

O significado da parábola do Bom Samaritano de Jesus é muito simples: “Ame o seu próximo como a si mesmo”.
Antes de contar a história do samaritano, perguntaram a Jesus qual é o maior mandamento de todos. Ele respondeu:
“Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças. A segunda é esta: Ame o seu próximo como a si mesmo”.
A parábola do Bom Samaritano é uma história para ilustrar como “amamos nosso próximo como a nós mesmos”. Quando outras pessoas mais precisam de nossa ajuda, como o homem na estrada, é quando nosso amor ao próximo é realmente testado.
Jesus nos diz para sermos como o Bom Samaritano, ajudando os outros em tempos de necessidade, e não o Sacerdote e o Levita que ignoram o próximo.
A melhor parte dessa história é que o homem caído na estrada não precisava ganhar nada para receber a graça do samaritano.
No centro de nossa fé está um homem que morreu na cruz pelas pessoas que o maltrataram e o odiaram. Ele ressuscitou para que pudesse estender a graça a essas mesmas pessoas.
Agora estamos caídos na estrada mortos em nossos pecados, e Ele estende Sua mão com graça… algo que nunca poderíamos ganhar ou pagar. E tudo o que temos a fazer é aceitá-lo.
Como crentes e receptores desta graça, iremos amar os outros da mesma forma, vamos ajudar os outros sem expectativas de retribuição ou caráter merecedor?
“Ao contrário do mestre da lei da história de Jesus, não amamos nosso próximo porque temos que fazer grandes coisas para sermos salvos, mas porque algo grande foi feito para nos salvar .”
Ame o seu próximo como a si mesmo – Versículos

Marcos 12:28-34 – “Um dos mestres da lei veio e os ouviu debatendo. Percebendo que Jesus havia dado uma boa resposta, perguntou-lhe: De todos os mandamentos, qual é o mais importante? O mais importante, respondeu Jesus, é este: Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus, o Senhor é um. Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças. O segundo é este: Ame o seu próximo como a si mesmo. Não há mandamento maior do que estes”.
1 João 4:7 – “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e quem ama é nascido de Deus e conhece a Deus”.
Levítico 19:18 – “Não te vingarás nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo: eu sou o Senhor”.
1 Coríntios 16:14 – “Que tudo o que você faz seja feito em amor.”
No amor de Cristo Jesus, Graça e Paz!
Doutor Raymundo Cortizo Perez


Deus é uma Trindade?

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 Deus é uma Trindade?

A Surpreendente Origem da Doutrina da Trindade
Doutor Raymundo Cortizo Perez (Th.D.)
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
A maioria das pessoas acredita que tudo que carrega o rótulo de “cristão” deve ter se originado em Jesus Cristo e seus primeiros seguidores. Mas, definitivamente, este não é o caso. Tudo que temos a fazer é verificar as palavras de Jesus Cristo e Seus apóstolos para ver claramente que isto não é verdade.
Tal como Jesus e os escritores do Novo Testamento predizeram, o registro histórico mostra que várias ideias heréticas, assim como mestres apoiando esses conceitos, surgiram de dentro da Igreja primitiva, e outros de fora se infiltraram nela. O próprio Cristo advertiu a seus seguidores: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane. Porque muitos virão em meu nome . . . e enganarão a muitos” (Mateus 24:4-5).
Você pode ler muitas advertências semelhantes em outras passagens (como Mateus 24:11, Atos 20:29-30, 2 Coríntios 11:13-15; 2 Timóteo 4:2-4, 2 Pedro 2:1-2, 1 João 2:18-19, 26; 4:1-3).
Quase duas décadas após a morte e ressurreição de Cristo, o apóstolo Paulo escreveu que muitos crentes já estavam “passando . . . para outro evangelho” (Gálatas 1:6). Ele escreveu que foi forçado a lutar contra “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos”, que estavam dissimuladamente “transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2 Coríntios 11:13). Um dos grandes problemas que ele teve que lidar foi o dos “falsos irmãos” (versículo 26).
Perto do final do primeiro século, como vemos em 3 João 9-10, as condições ficaram tão terríveis que os falsos ministros se recusavam abertamente a receber os representantes do apóstolo João e até excluíam os verdadeiros cristãos da Igreja!
Deste período preocupante Edward Gibbon, um historiador famoso, escreveu, em sua clássica obra A História do Declínio e Queda do Império Romano, que uma “nuvem negra pairava sobre a primeira era da igreja” (The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, 1821, vol. 2, pág . 111).
Não demorou muito para que verdadeiros servos de Deus se tornassem uma minoria marginalizada e dispersa entre aqueles que se autodenominavam cristãos. Uma religião muito diferente, agora comprometida com muitos conceitos e práticas enraizadas no antigo paganismo (essa mistura de crenças religiosas veio a ser conhecida como sincretismo, comum na época do Império Romano), apoderou-se e modificou a fé estabelecida por Jesus Cristo.
O historiador Jesse Hurlbut diz sobre esse tempo de transformação: “Nós intitulamos a última geração do primeiro século, 68-100 d.C., ‘A Era das Trevas’, em parte porque as trevas da perseguição vieram sobre a igreja, mas mais especificamente porque de todos os períodos da história [da Igreja], é essa a era sobre a qual sabemos pouquíssimo. Não temos mais a brilhante luz do Livro de Atos para nos guiar, e nenhum autor dessa era tem preenchido o espaço vazio na história . . .
“Por cinquenta anos, após a vida de São Paulo, uma cortina pairou sobre a igreja, através da qual nos esforçamos em vão para olhar, e quando finalmente ela se levanta, cerca do ano 120 d.C. com os escritos dos mais antigos padres da igreja, encontramos uma igreja, em muitos aspectos, muito diferente daquela dos dias de São Pedro e São Paulo” (A História da Igreja Cristã [The Story of the Christian Church], 1970, pág. 33).
Esta igreja “muito diferente” iria crescer em poder e influência, e dentro de poucos séculos dominaria até mesmo o poderoso Império Romano!
Por volta do segundo século, os membros fiéis da Igreja, o “pequeno rebanho” de Cristo (Lucas 12:32), tinham sido totalmente espalhados pelas ondas de perseguição mortal. Eles se mantiveram firmemente na verdade bíblica acerca de Jesus Cristo e Deus Pai, ainda que perseguidos pelas autoridades romanas e até por aqueles que professavam o Cristianismo, mas que na realidade ensinavam sobre “outro Jesus” e “outro evangelho” (2 Coríntios 11:4, Gálatas 1:6-9).
As diferentes ideias sobre a divindade de Cristo conduziriam a conflitos

Este foi o cenário em que a doutrina da trindade surgiu. Nessas primeiras décadas após o ministério, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e incluindo os primeiros séculos que se seguiram, várias ideias surgiram quanto à Sua exata natureza. Foi Jesus Cristo um homem? Era Deus? Era Deus em figura de um homem? Foi uma ilusão? Foi um simples homem que se tornou Deus? Foi criado por Deus Pai ou existia eternamente com o Pai?
Todas essas ideias tiveram seus proponentes. A uniformidade de crença da Igreja original foi perdida com as novas crenças que muitos tomavam emprestado ou adaptavam de religiões pagãs, substituindo os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos.
Sejamos claros que, quando se trata de debates intelectuais e teológicos nos séculos que levaram à formulação da trindade, a verdadeira Igreja estava em grande parte ausente da cena, tendo sido empurrada para a clan destinidade. (Consulte o capítulo “O Surgimento de um Falso Cristianismo” em nosso livro gratuito A Igreja que Jesus Edificou para uma visão geral desse período crítico.
Por esta razão, nesse período tempestuoso vemos frequentemente debates que não são entre a verdade e o erro, mas entre um erro e outro erro diferente―uma verdade raramente reconhecida por muitos estudiosos modernos, porém é crucial para nossa compreensão.
Um exemplo clássico disso foi a disputa sobre a natureza de Cristo que levou o imperador romano Constantino, o Grande, a convocar o Concílio de Nicéia (na atualidade localizado a oeste da Turquia), em 325 d.C.
Constantino, apesar de ser defendido por muitos como o primeiro imperador romano “cristão”, era na verdade um venerador do sol até ser batizado em seu leito de morte. Durante seu reinado, ele teve seu filho mais velho e sua esposa assassinados. Ele também era veementemente anti-semita, referindo-se em um de seus decretos “a multidão detestável de judeus” e aos “costumes desses homens perversos”―costumes estes que, na verdade, tinham suas raízes na Bíblia e praticados por Jesus e os apóstolos.
Como imperador, em um período de grande tumulto dentro do Império Romano, Constantino encontrou desafios para manter o império unificado. Ele reconheceu o valor da religião para unir seu império. Este foi, de fato, uma de suas principais motivações para aceitar e sancionar a religião “cristã” (que, nessa altura, tinham se afastado muito dos ensinamentos de Jesus Cristo e dos apóstolos, e que era ‘cristã’ apenas no nome).
Mas agora Constantino enfrentava um novo desafio. A pesquisadora de religião Karen Armstrong explica em A História de Deus que “um dos primeiros problemas que teve de ser resolvido foi a doutrina sobre Deus . . . um novo perigo interno surgiu o qual dividia amargamente os cristãos em campos opostos” (A History of God, 1993, pág. 106).
O debate sobre a natureza de Deus no Concílio de Nicéia

Constantino convocou o Concílio de Nicéia no ano 325 d.C., tanto por razões políticas―para a união imperial―como religiosas. A principal questão nessa ocasião veio a ser conhecida como a controvérsia ariana.
“Na esperança de garantir o seu trono ao apoiar o corpo crescente de cristãos, ele demonstrou-lhes um considerável favor e era de seu interesse ter a igreja robusta e unida. A controvérsia ariana estava pondo em risco sua unidade e ameaçando sua força. Ele, portanto, se comprometeu a pôr fim ao problema. A ele foi sugerido, talvez pelo bispo espanhol Hosius, que era de grande influência, que se um sínodo se reunisse representando todas as igrejas, ambas de leste e de oeste, talvez haveria possibilidade de restaurar a harmonia”.
“O próprio Constantino, é claro, não entendia e nem se importava com o assunto em disputa, mas estava ansioso para acabar com a controvérsia, e o conselho de Hosius pareceu-lhe ser ideal para chegarem a uma resolução” (Arthur Cushman McGiffert, A História do Pensamento Cristão [A History of Christian Thought], 1954, vol. 1, pág. 258).
Ário, um padre de Alexandria, no Egito, argumentou que Cristo, sendo Filho de Deus, deveria ter tido um começo e, portanto, era uma criação especial de Deus. Além disso, se Jesus era o Filho, o Pai necessariamente deveria ser mais velho.
Opondo-se aos ensinamentos de Ário, estava Atanásio, um diácono também de Alexandria. Sua visão era sobre uma forma primitiva de trinitarianismo onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram um, mas ao mesmo tempo, distintos entre si.
A decisão sobre qual ponto de vista o conselho da igreja aceitaria foi em grande medida arbitrária. Karen Armstrong explica em A História de Deus: “Quando os bispos se reuniram em Nicéia em 20 de maio de 325 d.C. para resolver a crise, muitos poucos demonstraram apoio ao ponto de vista de Atanásio sobre Cristo. A maioria se deteve no meio do caminho entre a posição de Atanásio e a de Ário” (A History of God, pág. 110).
Como imperador, Constantino estava numa posição fora do normal, para decidir a doutrina da igreja, embora ele não fosse realmente um cristão. (No ano seguinte foi quando ele ordenou o assassinato da sua esposa e filho, como mencionado anteriormente).
Historiador Henry Chadwick atesta, “Constantino, tal como seu pai, adorava o deus Sol Invicto” (A Igreja Primitiva [The Early Church], 1993, pág. 122). Quanto ao imperador abraçar o Cristianismo, admite Chadwick, “sua conversão não deve ser interpretada como uma experiência interna de graça . . . Era uma questão militar. O seu nível de compreensão da doutrina cristã nunca foi muito bem entendido” (pág. 125).
Chadwick diz que o batismo de Constantino, em seu leito de morte, por si só, “não deixa nenhuma dúvida sobre sua crença cristã”, sendo comum aos governantes adiar o batismo, para evitar a responsabilidade por coisas como a tortura e execução de criminosos (pág. 127). Mas esta justificativa realmente não ajuda para ratificar a conversão do imperador como genuína.
Norbert Brox, um professor de história da igreja, confirma que Constantino nunca foi realmente um cristão convertido: “Constantino não experimentou qualquer conversão, não há sinais de uma mudança de fé nele. Ele nunca disse que se converteu a outro deus . . . No momento em que se voltou para o Cristianismo, ele adorava o Sol Invictus (o vitorioso deus Sol)” (Uma Breve História da Igreja Primitiva [A Concise History of the Early Church], 1996, pág. 48).
Acerca do Concílio de Nicéia, A Enciclopédia Britânica declara: “O próprio Constantino o presidiu, ativamente orientando as discussões, e pessoalmente propôs . . . a fórmula fundamental para expressar a relação de Cristo com Deus no credo emitido pelo conselho . . . Intimidados pelo imperador, os bispos, com duas únicas exceções, assinaram o credo, embora, muitos deles, a contragosto” (The Encyclopaedia Britannica, edição 1971, vol. 6, “Constantino”, pág. 386).
Com a aprovação do imperador, o concílio rejeitou o ponto de vista minoritário de Ário e, não tendo nada definitivo para substituí-lo, aprovou a visão de Atanásio—também opinião de uma minoria. A igreja foi deixada numa posição difícil quanto ao apoio oficial, daquele ponto em diante, em relação a decisão tomada em Nicéia para endossar a crença apoiada apenas pela minoria dos participantes.
Agora, o terreno para a aceitação oficial da trindade estava preparado—mas, como se vê, levou mais de três séculos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo para este ensino antibíblico surgir!
A Decisão de Nicéia não pôs fim ao debate

O Concílio de Nicéia não acabou com a controvérsia. Karen Armstrong explica: “Atanásio conseguiu impor sua teologia aos bispos... com o imperador no seu encalço . . .”.
“A demonstração de concordância agradou a Constantino, que não compreendia as questões teológicas, mas na verdade não havia unanimidade em Nicéia. Depois do Concílio, os bispos continuaram a ensinar como antes e a crise ariana continuou por mais sessenta anos. Ário e seus seguidores lutaram e conseguiram recuperar o favor imperial. Atanásio foi exilado pelo menos cinco vezes. E foi muito difícil fazer valer seu credo” (págs. 110-111).
Às vezes, as divergências em curso eram violentas e sangrentas. Sobre as consequências do Concílio de Nicéia, o historiador Will Durant escreve: “Provavelmente mais cristãos foram massacrados por cristãos nestes dois anos (342-343) do que em todas as perseguições de cristãos pelos pagãos na história de Roma” (A História da Civilização [The Story of Civilization], Vol. 4: A Era da Fé, 1950, pág. Com crueldade, enquanto reivindicavam serem cristãos, muitos crentes lutaram e mataram uns aos outros por causa dos seus pontos de vista diferentes sobre Deus!
A respeito das décadas seguintes, o professor Harold Brown, citado anteriormente, escreve: “Em meados das décadas desse século, 340-380, a história da doutrina parece mais com a história de tribunais, de intrigas entre igrejas e de conflitos sociais . . . As doutrinas centrais elaboradas nesse período, frequentemente parecem ter sido apresentadas através de intrigas ou pela violência popular, e não de comum acordo da cristandade guiada pelo Espírito Santo” (pág. 119).
O debate desvia seu foco para a natureza do Espírito Santo

Então, os desacordos passam a centrar-se em torno de outra questão, a natureza do Espírito Santo. A este respeito, a declaração divulgada no Concílio de Nicéia simplesmente disse: “Cremos no Espírito Santo”. Isto “parece ter sido adicionado ao credo Atanasiano em uma reflexão posterior”, escreve Karen Armstrong. “As pessoas estavam confusas sobre o Espírito Santo. Era simplesmente um sinônimo de Deus ou era algo mais?” (pág. 115).
O professor Ryrie, também citado anteriormente, escreve: “Na segunda metade do século IV, três teólogos da província da Capadócia, no leste da Ásia Menor [hoje Turquia central] deram a forma definitiva à doutrina da trindade” (pág. 65). Eles propuseram uma ideia que foi um passo além da visão de Atanásio—que Deus, o Pai, Jesus, o Filho, e o Espírito Santo eram coiguais e juntos em um único ser, mas também distintos entre si.
Estes homens—Basil, bispo de Cesaréia, seu irmão Gregório, bispo de Nissa, e Gregório de Nazianzo—eram todos “treinados na filosofia grega” (Armstrong, pág. 113), a qual sem dúvida afetaram suas perspectivas e crenças (veja “A Influência da Filosofia Grega Sobre a Doutrina da Trindade”,).
Na opinião destes homens, explica Karen Armstrong, “a trindade só faz sentido como uma experiência mística ou espiritual . . . Não como uma formulação lógica ou intelectual, mas um paradigma imaginário que confundia a razão. Gregório de Nazianzo deixou isso claro quando explicou que a contemplação de ‘três em um’ induzia a uma emoção profunda e avassaladora que confundia o pensamento e a clareza intelectual.
“Mal consigo conceber o Um quando sou iluminado pelo esplendor dos Três; e mal chego a distinguir os Três quando sou levado de volta para o Um. Quando eu penso em qualquer um dos Três, penso dele como um todo; não consigo visualizar mais, pois a maioria do que eu estou pensando não entendo” (pág. 117). Não é de admirar que, como Armstrong conclui: “Para muitos cristãos ocidentais . . . a trindade é simplesmente incompreensível” (ibidem).
As contínuas disputas levam ao Concílio de Constantinopla

No ano 381, quarenta e quatro anos após a morte de Constantino, o imperador Teodósio, o Grande, convocou o Concílio de Constantinopla (hoje Istambul, Turquia) para resolver essas disputas. Gregório de Nazianzo, recém-nomeado arcebispo de Constantinopla, presidiu o conselho e pediu a adoção de seu ponto de vista sobre o Espírito Santo.
O historiador Charles Freeman afirma: “Praticamente nada se sabe dos debates teológicos do Concílio de 381, mas Gregório foi certamente na esperança de obter alguma aceitação de sua crença de que o Espírito era con substancial com o Pai [significando que são pessoas do mesmo ser, visto que substância neste contexto denota qualidade individual].
“Seja pela falta de habilidade para lidar com o assunto ou se simplesmente por não terem chance de consenso, os bispos ‘macedônios’, que se recusaram a aceitar a plena divindade do Espírito Santo, deixaram o concílio . . . Portanto, Gregório repreendeu os bispos por preferirem ter uma maioria ao invés de simplesmente aceitarem a sua declaração da ‘Palavra Divina’ da Trindade” (381 D.C.: Hereges, Pagãos e o Alvorecer do Estado Monoteísta [Heretics, Pagans and the Dawn of the Monotheistic State], 2008, pág. 96).
Pouco depois Gregório ficou doente e teve que retirar-se do concílio. Agora, quem iria presidir? “Foi assim que Nectarius, um senador idoso que tinha sido um popular ex-prefeito da cidade por causa de seu patrocínio dos jogos, mas que ainda não era um cristão batizado, foi escolhido... Nectarius parecia não conhecer a teologia, e teve que ser iniciado na fé necessária antes de ser batizado e consagrado” (Freeman, págs. 97-98).
Estranhamente, um homem que até este ponto não era cristão foi nomeado para presidir um importante concílio da igreja encarregado de determinar o que seria ensinado sobre a natureza de Deus!
A trindade torna-se uma doutrina oficial

O ensinamento dos três teólogos capadócios “tornou possível que o Concílio de Constantinopla (381) afirmasse a divindade do Espírito Santo, que até aquele momento não havia sido claramente estabelecida, nem mesmo nas Escrituras” (A Enciclopédia Harper-Collins do Catolicismo [The Harper-Collins Encyclopedia of Catholicism], “Deus”, pág. 568).
O concílio aprovou uma declaração que, em parte, diz o seguinte em português: “Nós cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos . . . E acreditamos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou através dos profetas . . .”. A declaração também afirma a crença “na Igreja Una, Santa, Católica [ou seja, neste contexto, universal, total ou completa] e Apostólica . . .”.
Com esta declaração em 381 d.C., que se tornaria conhecida como o Credo Niceno-Constantinopolitano, a trindade como geralmente é entendida hoje em dia tornou-se a crença oficial e ensinamento sobre a natureza de Deus.
O professor de teologia, Richard Hanson, observa que o resultado obtido na decisão do conselho “foi reduzir as explicações do significado da palavra ‘Deus’, de uma extensa lista de alternativas, a uma só explicação”, de modo que “quando o homem ocidental de hoje diz ‘Deus’ ele está duma maneira geral a referir-se ao único e exclusivo Deus [Trinitário] e nada mais” (Estudos da Antiguidade Cristã [Studies in Christian Antiquity], 1985, págs. 243-244).
Assim, o imperador Teodósio―que tinha sido batizado apenas um ano antes da convocação do concílio—foi, como Constantino quase seis décadas antes, instrumento no estabelecimento de importante doutrina na igreja. Como o historiador Charles Freeman observa: “É importante lembrar que Teodósio não tinha qualquer formação teológica e estabeleceu como se fosse um dogma uma fórmula contendo problemas filosóficos difíceis de resolver dos quais ele não estaria ciente. Com efeito, as leis do imperador silenciaram o debate quando ainda não estava resolvido” (pág. 103).
As outras crenças sobre a natureza de Deus foram proibidas

Agora que a decisão tinha sido alcançada, Teodósio não toleraria opiniões divergentes. Ele lançou seu próprio decreto que dizia: “Agora, nós ordenamos que todas as igrejas sejam entregues aos bispos que professam Pai, Filho e Espírito Santo como uma única majestade, de mesma glória, e de esplendor único, aos [bispos] que não estabelecem nenhuma distinção por separação sacrílega, mas (que afirmem) a ordem da Trindade, reconhecendo as Pessoas e unindo a Divindade” (citado por Richard Rubenstein, Quando Jesus Se Tornou Deus [When Jesus Became God], 1999, pág. 223).
Outro edito de Teodósio foi mais longe ainda ao exigir o cumprimento da nova doutrina:
“Devemos acreditar na divindade única do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em igual majestade e em santa Trindade. Nós autorizamos os seguidores desta lei a assumirem o título de Cristãos Católicos, mas para os outros, uma vez que, em nosso julgamento, eles são loucos insensatos, nós decretamos que sejam marcados com o nome ignominioso de hereges, e não deverão ousar dar a seus conventículos [assembleias] o nome de igrejas.
“Eles sofrerão, em primeiro lugar, o castigo da condenação divina, e em segundo, a punição que a nossa autoridade decidir aplicar, de acordo com a vontade do céu” (reproduzida em Documentos da Igreja Cristã [Documents of the Christian Church], Henry Bettenson, editor , 1967, pág. 22).
Assim, vemos que um ensinamento que era estranho para Jesus Cristo, nunca ensinado pelos apóstolos e desconhecido dos outros escritores bíblicos, foi implantado no lugar da verdadeira revelação bíblica sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Qualquer um que discordasse era estigmatizado como herege e tratado como tal, de acordo com os decretos do imperador e das autoridades da igreja.
A doutrina da trindade foi decidida por tentativa e erro

Essa cadeia incomum de eventos é a razão pela qual os professores de teologia, Anthony e Richard Hanson, em seu livro A crença razoável: Um Estudo da Fé Cristã, resumiram a história anotando que a adoção da doutrina da trindade foi o resultado de “um processo de exploração teológica que durou pelo menos trezentos anos . . . Na verdade, foi um processo de tentativa e erro (ou de muitos erros e poucos acertos), onde o erro não foi limitado ao que não era ortodoxo . . . Seria tolice representar a doutrina da Santíssima Trindade como tendo sido alcançada por qualquer outro meio” (Reasonable Belief: A Survey of the Christian Faith, 1980, pág. 172).
Eles, então, concluem: “Este foi um longo e confuso processo, em que diferentes escolas de pensamento na Igreja trabalhavam de maneira independente, e depois tentavam impor sobre as outras, a resposta deles à pergunta: ‘Quão divino é Jesus Cristo?’ . . . Se alguma vez houve uma controvérsia decidida pelo método de tentativa e erro, certamente foi esta” (pág. 175).
O clérigo anglicano e conferencista da Universidade de Oxford, K.E. Kirk escreve, de forma esclarecedora, sobre a adoção da doutrina da trindade: “A justificativa teológica e filosófica da divindade do Espírito começa no século IV; nós naturalmente nos voltamos para os escritores desse período para descobrir quais os motivos da sua crença. Para nossa surpresa, somos forçados a admitir que eles não tinham nenhum . . .
“Este fracasso da teologia cristã . . . em produzir uma justificativa lógica do ponto fundamental de sua doutrina trinitária é de máxima importância. Antes de voltar à questão da defesa da prática da doutrina, somos forçados a perguntar se a teologia ou a filosofia já forneceu alguma razão pela qual sua crença deve ser trinitária” (“A Evolução da Doutrina da Trindade” [The evolution of the Doctrine of the Trinity], publicado em Ensaios sobre a Trindade e a Encarnação [Essays on the Trinity and the Incarnation], editor A.E.J. Rawlinson, 1928, págs. 221-222).
Por que acreditar em um ensinamento que não é bíblico?

Esta é, resumidamente, a incrível história de como a doutrina da trindade veio a ser introduzida—e como aqueles que se recusaram a aceitá-la passaram a ser estigmatizados como hereges ou infiéis.
Mas será que devemos realmente basear nossa visão sobre Deus em uma doutrina que não está escrita na Bíblia, que não foi formalizada até três séculos depois da época de Jesus Cristo e dos apóstolos, que foi debatida e discutida ao longo de décadas (sem esquecer os séculos desde então), que foi imposta pelos concílios religiosos presididos por noviços ou não crentes, e que foi “decidida pelo método de tentativa e erro”?
Claro que não! Na verdade, devemos olhar para a Palavra de Deus—não para ideias de homens—para entender como nosso Criador se revela!
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Sete Escrituras que desmascaram a Trindade de um Ser Único
As seguintes sete escrituras mostram a falácia na afirmação de que o Pai e o Filho são um só ser como afirma a doutrina da trindade.
Como conciliar a crença na trindade com estas simples perguntas?
Hebreus 1:5 nos diz que Jesus foi gerado por seu Pai. Ele gerou a Si mesmo?
Em Mateus 22:44, o Pai disse para Jesus se assentar à Sua mão direita até que seus inimigos fossem postos por escabelo de seus pés. Jesus estava sentado à Sua própria mão direita?
Em Mateus 24:36, quando Jesus disse aos discípulos que ninguém sabe o dia nem a hora da Sua volta, mas somente o Pai, Ele realmente sabia, mas estava dando uma desculpa para não dizer a eles?
Em João 14:28, Jesus disse que Seu Pai era maior do que Ele. Isso significa que Ele era maior do que Si mesmo?
Em João 17:1, Jesus orou ao Pai. Ele estava orando para Si mesmo?
Em Mateus 27:46, Jesus clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Ele abandonou a Si mesmo?
Em João 20:17, Jesus disse que Ele subiria ao Pai depois de Sua ressurreição. Ele ascendeu a Si mesmo?
Estas e muitas outras passagens bíblicas demonstram ao leitor racional da Bíblia que a doutrina da trindade não é somente antibíblica, mas também totalmente ilógica!
Doutor Raymundo Cortizo Perez

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