Quais são algumas das contradições encontradas na Bíblia?
Prof. Raymundo Cortizo Perez, (Th.D.)
A Bíblia é a Palavra de Deus e, como tal, não se contradiz.
1- A Bíblia se contradiz quando diz que Deus não se arrepende (Números 23:19) mas, já no início, diz que Deus se arrependeu (Gênesis 6:6). MENTIRA
A "polêmica" passagem bíblica é a seguinte:
“Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração.” (Gênesis 6:6)
Ocorre que o Antigo Testamento original não está escrito em português mas em hebraico e a palavra original do hebraico usada nessa passagem para "arrepender" é nãham (םחניו) que significa literalmente "tomar um fôlego de alívio" cuja idéia remete a "respirar profundamente" e, por conseguinte, à manifestação física de um sentimento de tristeza ou compaixão da pessoa por outra pessoa ou situação. Por isso, םחניו é traduzido como lamentar-se, entristecer-se, desgostar-se, ter pena, compadecer-se, arrepender-se, consolar-se em outras passagens bíblicas aonde essa mesma expressão ocorre.
Em Gênesis 24:67, por exemplo, afirma-se que Isaque foi consolado (nãham) da morte de sua mãe após ter-se casado com Rebeca.
“Isaque levou Rebeca para a tenda de sua mãe Sara; fez dela sua mulher, e a amou; assim Isaque foi consolado [nãham].” (Gênesis 24:67)
Em juízes 21:15, vemos o sentimento de pena ou lamentação das 11 tribos de Israel quando a tribo de Benjamin quase desapareceu em meio à guerra civil daquele período.
"Então os demais israelitas se lamentaram [nãham] pelos irmãos benjamitas, porquanto pela vontade de Yahweh abriu-se uma lacuna entre o número exato das tribos de Israel." (Juízes 21:15)
Ora, percebe-se daí que o "arrependimento" de Deus em Gênesis 6:6 não foi um suposto reconhecimento de um erro Seu mas Deus SE LAMENTOU, SE ENTRISTECEU devido ao fato de ver a degradação da sua criação que é o que confirma a expressão incluída no mesmo versículo a qual diz E PESOU-LHE EM SEU CORAÇÃO.
Em Êxodo 32:14, é dito que Deus "se arrependeu" de ter dito que haveria de destruir o povo de Israel após Moisés interceder pelo povo, denotando também uma atitude de COMPAIXÃO, isto é, Deus se compadeceu em Êxodo 32:14.
Conclui-se que nãham quando aplicado a Deus refere-se ou ao fato de Deus se ENTRISTECER pelos nossos erros (pois não sendo um ser indiferente é perfeitamente natural sofrer conosco ou por nós) ou ao fato de Deus se COMPADECER quando nós reconhecemos nossos erros de maneira que Deus possa sim a vir mudar de atitude em relação a nós não mais decidindo nos punir pelas nossas faltas.
2- A Bíblia está errada quando Deus cria o Sol depois da luz no Gênesis. MENTIRA
Há duas possibilidades de interpretação para esse relato bíblico:
O próprio Deus era a fonte inicial de luz afinal em Apocalipse 22:5 é dito que a Cidade Santa não necessita de Sol e nem de lua porque é iluminada pelo brilho perpétuo que emana da divindade (ver também Êxodo 13:21, Salmos 27:1, I João 1:5)
A fonte inicial de luz já era o próprio sol porque quando a Bíblia diz que Deus "pôs os luminares" no céu no quarto dia em Gênesis 1:14–19 isso estaria indicando que na verdade os luminares estavam apenas se fazendo visíveis a partir do quarto dia e a Bíblia apenas estaria retomando a questão anterior da criação dos luminares quando detalha em Gênesis 1:16 a origem deles a partir da ordem divina "Haja luminares na expansão dos céus" para só no quarto dia eles iluminarem definitivamente a Terra em Gênesis 1:17 que, até essa ocasião, não estaria recebendo a luz do sol na sua superfície do ponto de vista de um observador terrestre devido a condições atmosféricas iniciais desfavoráveis.
Quanto à minha segunda possível justificativa para esse problema, é necessário observar que a ciência já tem "tropeçado" em muitas descobertas ao longo do tempo que corroboram para as afirmações bíblicas a respeito da realidade do mundo físico como quando a Bíblia afirmou com antecedência a sequência de desenvolvimento embrionário (Jó 10:11), afirmou que o ar tem peso (Jó 28:25), afirmou que a Terra está suspensa no vazio do espaço (Jó 26:7) e posteriormente a ciência veio comprovando estar correta.
Deus já deu muitas outras evidências contundentes da credibilidade da sua Palavra e o que nos é dado a conhecer até aqui, pros que conhecem ou pros que não se fazem de desentendidos diante das evidências, é o suficiente para crer que a Bíblia é a Palavra de Deus o qual também criou o universo e a nós mesmos podendo vir a ciência, posteriormente, nos surpreender com um melhor entendimento do início das coisas que, a exemplo de inúmeras outras vezes, "tropece" no que a Bíblia já afirmava a respeito do início do nosso sistema solar e da Terra.
3- A Bíblia apóia que a Terra é plana pois cita que o Sol parou (Josué 10:13) e cita a "abóbada da Terra" (Amós 9:6). MENTIRA
Em Amós 9:6, o profeta se refere à “abóbada da Terra” do ponto de vista de um observador situado na Terra, isto é, dele. Repare que o mesmo tipo de descrição partindo dessa perspectiva ocorre em Jó 22:14 e Provérbios 8:27.
Em Josué 10:13, temos novamente uma descrição de um evento bíblico partindo da perspectiva do observador que vivenciou o evento mas que estava na Terra. Sabemos seguramente que o Sol não gira em torno da Terra e para isso há um extenso conjunto de provas matemáticas, físicas e experimentais além da própria constatação visual desde que o homem entrou na era espacial. Todavia, ainda vemos o Sol percorrer o céu todos os dias desde quando "nasce" no horizonte até quando "se põe" na outra extremidade do horizonte. Percebemos assim porque estamos na superfície da Terra, giramos junto com ela e como pareceria a um observador dentro de um ônibus que o mundo externo passa por ele, também parece a nós que o Sol percorre o céu visível quando na verdade a Terra move-se em relação ao Sol. Por isso o autor bíblico registrou que o Sol parou do ponto de vista da sua perspectiva terrestre e isso não invalida o evento miraculoso em si mas tão somente o relata da perspectiva do observador.
E ainda poderia acrescentar que…
Em Gênesis 1:6, há o relato da criação do espaço sideral o qual é a “expansão”também chamada “Céus” em Gênesis 1:8 e as águas que “estão sobre a expansão” (que também aparecem em Salmos 148:4) de Gênesis 1:7, isto é, além dos céus, encontramos em Apocalipse 22:1 e 22:2 onde temos o rio que corre do trono de Deus.
Em Gênesis 8:2, ocorre uma menção metafórica na expressão “cerraram-se as janelas dos céus” significando tão somente que a chuva cessou.
Em Gênesis 11:4 é relatado o intento de os homens ímpios construírem a torre de Babel que, segundo eles, deveria “tocar o céu”. Tal declaração, vinda de homens ímpios, não tem nenhum valor enquanto revelação divina mas tão somente representa uma declaração ignorante de homens maus e ignorantes de Deus que quiseram desafiá-lo.
Em Jó 37:18, não é o céu que está sendo comparado com espelho fundido mas sim a consistência com que está estabelecido aludindo às leis que o governam. Repare que em Mateus 24:29 o evangelista diz que “as potências dos céus serão abaladas” aludindo a um futuro colapso nessas leis cósmicas que resultarão nos eventos apocalípticos relatados nesse mesmo versículo.
Em Provérbios 8:27, há uma descrição poética e metafórica sobre quando Deus criava o mundo. Repare que no versículo 28 é dito que Deus “firmava as nuvens acima” mas tanto nós quanto o autor bíblico à época do registro desse relato sabemos que as nuvens não estão "firmadas" ou sustentadas por nada pois são estruturas gasosas formadas basicamente por vapor d'água e por isso tendem a ficar suspensas no céu.
Em Amós 5:8, é dito que Deus “chama as águas do mar, e as derrama sobre a Terra” aludindo tão somente aos tsunamis ou às marés sem oferecer nenhuma evidência implícita no texto de que isso se dá por causa de supostas paredes de gelo nas bordas de uma suposta Terra plana contra as quais as marés se choquem.
Em Salmos 19:6, outro versículo usado por terraplanistas e seus críticos para sugerir uma suposta referência bíblica aos limites do mar na "Terra plana", não há nenhuma referência às águas mas à glória e sabedoria de Deus que é o assunto sobre o qual discorre todo o Salmo 19.
4- A Bíblia se contradiz quando afirma que Jesus nasceu em Belém em Mateus 2:1 e que nasceu em Nazaré em Lucas 1:26. MENTIRA
Em Mateus 2:1, é dito que Jesus nasceu em Belém, em Lucas 1:26 é dito que o anjo Gabriel avisa do nascimento de Jesus à Maria quando ela ainda estava em Nazaré e em Lucas 2:4–7 é relatado que José e Maria, já casados, deixam Nazaré e vão para Belém aonde Maria dá a luz a Jesus. Não há contradição
5- A Bíblia se contradiz quando fornece duas genealogias diferentes de Jesus e quando diz em uma que José era filho de Jacó (Mateus 1:6) e diz em outra que José era filho de Eli (Lucas 3:23). MENTIRA
Se tratam das linhagens de pai e de mãe pois Lucas está registrando a genealogia de Maria, e Mateus a de José. Mateus está seguindo a linhagem de José (pai legal de Jesus), através de Salomão (Mateus 1:6), filho de Davi; enquanto que Lucas está seguindo a linhagem de Maria (parente sanguíneo de Jesus), através de Natã (Lucas 3:31), filho de Davi. Não existia uma palavra grega (o Novo Testamento original era em grego koiné) para "genro", e José teria sido considerado um filho de Eli (Lucas 3:23) por ter se casado com Maria, filha de Eli. Por ambas as linhagens, Jesus é um descendente de Davi e, portanto, qualificado para ser o Messias. Registrar a genealogia através do lado materno era incomum, assim como o nascimento virgem. A explicação de Lucas é que Jesus era filho de José, “como se cuidava” (Lucas 3:23). Não há contradição aí.
6- A Bíblia se contradiz quando afirma que os amalequitas foram exterminados (I Samuel 15:7), mas logo depois, afirma que eles estavam vivos (I Samuel 30). MENTIRA
Os versos 7 e 8 de I Samuel 15 delimitam onde foram os ataques e diz que "todos" foram destruídos, obviamente este "todos" são os que foram encontrados e naturalmente muitos fugiram, o que é extremamente natural. O texto diz que "todos" que foram encontrados naquela delimitação de área foram mortos, obviamente exclui o rei, e os fugitivos. Aqueles fugitivos reconstruíram-se, formaram novamente cidades e por isso reaparecem em I Samuel 30. Isso acontece na história periodicamente como foi no caso do Holocausto Nazista aonde se diz que Hitler promoveu o extermínio do povo judeu e, no entanto, judeus ainda existem pois muitos escaparam ao Holocausto.
7- A Bíblia se contradiz quando ensina que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, mas ensina que podemos manter escravos (Levítico 25:44). MENTIRA
A BÍBLIA NÃO INVENTOU A ESCRAVIDÃO. Os homens inventaram a escravidão e ao longo do tempo, no processo gradual de evolução da mentalidade da civilização, quando Deus procurou tratar com seu povo Israel dentro dessa realidade universal Ele o fez com justiça e de uma maneira "humanizada" estabelecendo critérios para lidar com essa realidade enquanto ela existiu. Em Êxodo 21:23, por exemplo, tratando dentro daquele contexto histórico, social e cultural dentro do qual o povo de Israel estava até então imerso e impregnado, a Bíblia estabelece que se ALGUÉM MATASSE SEU ESCRAVO intencionalmente então TAMBÉM MORRERIA por causa disso pois a lei determinava "vida por vida" de maneira que é improvável que as pessoas matassem seus escravos quando bem entendessem em Israel. Além disso, A BÍBLIA MENCIONA A NECESSIDADE DE SE MANTER UMA RELAÇÃO HARMONIOZA ENTRE OS SENHORES E SEUS SERVOS (Efésios 6:5, Colossenses 3:22, I Timóteo 6:1–2, Tito 2:9, I Pedro 2:18) CONDENANDO INCLUSIVE OS SENHORES ABUSIVOS (Efésios 6:9, Colossenses 4:1).
8- A Bíblia se contradiz quando diz que o rei Saul se matou em I Samuel 31:4 e que os filisteus o mataram em II Samuel 21:12. MENTIRA
Em II Samuel 21:12, não diz que os filisteus o mataram mas relata que o feriram referindo-se à perseguição dos filisteus a Saul (I Samuel 31:2) após o exército de Israel, liderado por Saul, ter perdido a batalha para os filisteus na montanha de Gilboa e terem fugido e outros sido mortos pelos filisteus (I Samuel 31:1).
9- A Bíblia se contradiz quando diz que Judas Iscariotes se enforcou (Mateus 27:5) e depois diz que Judas caiu do penhasco (Atos 1:18). MENTIRA
Em Mateus 27:5, é dito que Judas foi enforcar-se e em Atos 1:18 é dito que Judas se precipitou e as suas entranhas foram expostas na queda. Os relatos não são contraditórios mas complementares uma vez que enquanto o evangelho de Mateus nos informa que Judas se enforcou, o livro de Atos nos acrescenta que seu corpo posteriormente caiu da árvore na qual se enforcou vindo a precipitar-se à beira do penhasco no qual se enforcou provavelmente por quebra natural do galho da árvore na qual se pendurou.
10- A Bíblia se contradiz quando diz que Deus é amor e depois diz que é Deus quem cria o mal em Isaías 47:5. MENTIRA
Deus é amor mas isso não exclui sua justiça, que é outro aspecto indissociável do seu caráter, pois o amor perfeito de Deus exige que Ele também exerça seu juízo como medida corretiva (Hebreus 12:6–7) de maneira a disciplinar seus filhos rebeldes, tal qual um pai deve corrigir seu filho. Em Isaías 45:7 Deus não afirma que Ele cria o mal moral (roubos, assassinatos, estupros, etc) mas o mal enquanto punição que o próprio Deus, Supremo Juíz e Legislador, traz sobre os ímpios como no caso da destruição em massa de Josué 10:28–40 aonde Israel não estava destruindo um monte de reis "bonzinhos" mas a povos maus que desde cedo conspiraram contra a vida e a segurança do povo de Deus. Inclusive, sendo Deus o doador da vida, Ele também pode tirar ela de quem Ele quiser como no caso de Coré, Datã e Abirão em Números 16:31–35 que se opuseram à liderança de Moisés contestando sua legitimidade (que já havia sido provada de maneiras sobrenaturais por Deus aos olhos de todos) e que acabaram sendo destruídos por Deus quando a terra se abriu debaixo dos seus pés os engolindo vivos e ainda Deus enviou um fogo consumidor que destruiu os outros 250 homens que se juntaram a eles em sua insurreição contra o homem de Deus. Deus é misericordioso mas a Palavra de Deus sugere que há um limite de tolerância por parte de Deus para a obstinação humana de maneira que se uma pessoa prosseguir em sua obstinação contra Deus mesmo após ser repetidas vezes advertido, ele pode vir a ser destruído por Deus sem que isso signifique alguma injustiça da parte de Deus pois Deus não está obrigado a não poder nos punir já que não é o homem que legisla sobre Deus mas Deus quem legisla sobre o homem. Deus também se vingou dos filisteus, no passado, que haviam maltratado Israel antes (Ezequiel 25:15–17) e Jesus, agora nosso advogado à direita de Deus disponível para justificar todo aquele que Nele crê, também punirá os incrédulos quando, por ocasião da sua segunda vinda, ele vier como Juíz para julgar todos os que não têm crido na sua Palavra (II Tessalonicenses 1:7–10). Por isso, convém termos reverência para com Deus pois Deus retribui sim a cada um conforme suas obras. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6:7)
11- Há uma "injustiça" de Deus na equivalência entre a pena dada e o pecado cometido pelo homem que foi flagrado simplesmente apanhando lenha no Sábado em Números 15–32–36. MENTIRA
Em Números 15:32–36, o homem estava "simplesmente apanhando lenha no Sábado" sob o ponto de vista de uma leitura grosseira e descontextualizada da Bíblia. Foi Deus quem deu a sentença porque a Lei vinha de Deus e o povo de Israel sabia que a Lei vinha de Deus e sabiam da legitimidade e da santidade dessa mesma lei enquanto nação sacerdotal escolhida por Deus a qual ele houvera se revelado desde o Egito quando os tirou da escravidão operando sinais e maravilhas (Êxodo 7, Êxodo 8, Êxodo 9, Êxodo 10, Êxodo 11), passando pela peregrinação de 40 anos no deserto quando dentre outros sinais Deus se manifestou a eles como uma coluna de fogo os guiando à noite e uma grande nuvem lhes protegendo de dia (Êxodo 13:21–22, Números 14:14, Neemias 9:12–19) até no Sinai (Êxodo 19:17–19) quando lhes falou com sua voz e se lhes revelou com grande poder. Sendo Deus santo e o próprio padrão da justiça Ele não poderia permitir que sua lei fosse violada sem punição severa porque do contrário estaria abrindo precedentes para o povo achar que não deveria respeitar a Lei de Deus, que não deveria respeitar o próprio Deus e não se preservaria o temor e a reverência ao Senhor comprometendo a santidade de Israel e a própria redenção da humanidade (pois o Messias/Jesus Cristo viria deles). Outro detalhe interessante é que as pessoas que morreram apedrejadas no Antigo Testamento não estão necessariamente condenadas ao Inferno por causa disso porque nada garante que não tenham se arrependido sendo este elemento, o arrependimento, que faculta o perdão divino podendo eles terem passado a pertencer à categoria dos que futuramente teriam seus pecados definitivamente cobertos pelo sangue de Jesus após sua expiação salvífica na cruz feita pelos pecados de toda a humanidade em todos os tempos antes, durante e após Cristo.
12- A Bíblia relata o incesto das filhas de Jó com o pai como alternativa para "preservar a descendência" do justo Ló em Gênesis 19:34. MENTIRA
Em Gênesis 19:34, a atitude leviana das filhas de Ló que o embebedaram e tiveram relações sexuais com ele a fim de "preservar sua raça" não foi uma atitude ordenada ou aprovada por Deus. Foi uma atitude louca delas mesmas cujas consequências foram ruins para Israel posteriormente pois dessas relações incestuosas nasceram Moabe e Amon (Gênesis 19:37–38) os respectivos pais das nações dos moabitas e amonitas, povos idólatras, maus e que seriam os futuros inimigos de Israel. A Bíblia registra tal fato justamente para evidenciar a extensão e a duração que as consequências do pecado podem ter vindo inclusive, como no caso das filhas de Ló, a afetar as vidas de gerações inteiras.
13- A Bíblia se contradiz quando diz que Jesus veio nos trazer a paz (João 14:27) mas também diz que Jesus veio nos trazer a guerra (Mateus 10:34). MENTIRA
Em Mateus 10:34 Jesus está reafirmando o que Ele já havia dito 12 versículos antes, isto é, que por causa do seu nome (do amor ao Evangelho e à Palavra de Deus) os seus seguidores seriam odiados e perseguidos no mundo. “E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.” (Mateus 10:22). Desde então quem segue Jesus tem sido ridicularizado e perseguido de diversas formas em diferentes épocas por professar essa fé tendo inimigos até dentro de casa na própria família (Mateus 10:35–36). Aqui no Quora, por exemplo, há centenas de céticos que ridicularizam a Bíblia, desacreditam Jesus como Filho de Deus e subestimam as capacidades intelectuais de quem é cristão. E isso é uma amostra suave do que existe mundo à fora em relação à hostilidade à fé.
14- A Bíblia se contradiz quando diz que devemos amar nossos pais (Mateus 19:19) e depois diz que não devemos amar eles (Mateus 10:37). MENTIRA
Em Mateus 10:37, Jesus não despreza o valor do amor que devemos ter pelos nossos pais ou pelos nossos filhos mas apenas ressalta que o cristão deve amar a Cristo mais do que eles, que é também o primeiro mandamento da Lei de Deus (Deuteronômio 6:5) reafirmado por Jesus em Mateus 22:37–38, pois Jesus é Deus.
15- A Bíblia se contradiz quando afirma nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas que Jesus fez sua última ceia com os discípulos na Páscoa, mas depois, diz que Jesus morreu antes da páscoa no evangelho de João. MENTIRA
Cristo celebrou a páscoa com os discípulos no dia em que, pela lei, importava sacrificar a páscoa, isto é, no primeiro dia dos pães asmos, dia 14 de abib (nissan) ao pôr do sol quando se deveria fazer o sacrifício do cordeiro pascal - como demanda a lei e como apontam os evangelhos:
Mateus 26:17-21
Marcos 14:12-18
Lucas 22:7-20
E, foi preso, julgado, condenado e morto no dia seguinte, isto é, dia 15 de abib - dia da FESTA DA PÁSCOA - um sábado festivo, dia de festa e santa convocação, quando todo o povo em Israel deveria descansar, não fazendo obra alguma, exceto a própria comida.
Quanto ao dia da semana era uma sexta feira, dia da preparação, isto é, a véspera do sábado. Por isso mesmo é que Pilatos, não vendo motivo para crucificar Jesus, o levou ao povo que já se encontrava todo reunido, porquanto era o dia da FESTA DA PÁSCOA, UM SÁBADO FESTIVO, dia 15 de abib, conforme a lei - dia de santa convocação - e por isso é que o povo já se encontrava reunido, e então Pilatos os apresenta Jesus para ter deles o veredito.
Isso era um mandamento da lei - e Cristo foi crucificado bem no dia da festa quando todo o judeu que se prese deveria estar em Jerusalém, e proibido de fazer qualquer obra, e o Rei dos Judeus, foi-lhes apresentado por um gentio.
Isso é até interessante, pois o último profeta da lei: João Batista - que fora enviado unicamente para apresentar o Messias a Israel (mas que já houvera sido morto) lhes apresentou no início do seu ministério.
Então, vem um gentio, mas não um gentio qualquer, senão um governador, Pôncio Pilatos, uma autoridade política, para lhes apresentar novamente o Messias e Rei de Israel - na hora de sua morte, ou seja, em sua última manifestação a eles.
Quanto ao evangelho de João, diz:
“ORA, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (João 13:1)
Esta FESTA DA PÁSCOA mencionada no evangelho de João, não é o sacrifício de páscoa e sim a festa que se celebra no dia 15 de abib, dia de festa, santa convocação, um sábado festivo, onde não se poderia fazer obra alguma, exceto a própria comida (Levítico 23:4-8).
Já no sábado semanal, nem a própria comida se pode fazer, nem mesmo aquecê-la no fogo.
16- A Bíblia se contradiz quando diz que quem incitou a Davi fazer o recenseamento foi Deus (II Samuel 24:1) e depois diz que foi Satanás (I Crônicas 21. MENTIRA
Satanás incitou a Davi com a permissão de Deus como quando agiu sobre a vida de Jó (Jó 2:6–7) e as passagens não são contradizentes mas complementares de maneira que quando se afirma em I Crônicas 21:1 que foi Satanás, é um complemento para esclarecer o significado de se afirmar que foi Deus em II Samuel 24:1, isto é, Deus permitiu Satanás agir. O recenseamento não parece ter sido ensejado por qualquer ameaça externa imediata e a ação de Davi foi motivada ou pelo ORGULHO do tamanho do império que adquirira, ou pela CONFIANÇA que teria na própria segurança baseada no tamanho das reservas em homens que pudesse convocar em tempos de emergência, ou ambos e daí o fato de acender a ira do Senhor e o Senhor permitir Satanás agir de acordo com aquilo que já se manifestava no coração de Davi como um pretexto para expôr seu pecado e corrigir Davi a fim de evitar que seu coração deixasse de depositar a confiança em Deus e se entregasse à soberba levando à perdição a nação consigo futuramente.
17- A Bíblia se contradiz quando menciona que, em relação à contagem feita por Davi, foram encontrados oitocentos mil em Israel e quinhentos mil em Judá (II Samuel 24:9) e depois diz que foram encontrados um milhão e cem mil em Israel e quatrocentos e setenta mil em Judá (I Crônicas 21:5). MENTIRA
Há uma diferença fundamental entre os textos originais dessas duas passagens que esclarece a particularidade do relato em cada uma.
II Samuel 24:9
וַיִּתֵּ֥ן יֹואָ֛ב אֶת־מִסְפַּ֥ר מִפְקַד־הָעָ֖ם אֶל־הַמֶּ֑לֶךְ וַתְּהִ֣י יִשְׂרָאֵ֡ל שְׁמֹנֶה֩ מֵאֹ֨ות אֶ֤לֶף אִֽישׁ־חַ֙יִל֙ שֹׁ֣לֵֽף חֶ֔רֶב וְאִ֣ישׁ יְהוּדָ֔ה חֲמֵשׁ־מֵאֹ֥ות אֶ֖לֶף אִֽישׁ
I Crônicas 21:5
וַיִּתֵּ֥ן יֹואָ֛ב אֶת־מִסְפַּ֥ר מִפְקַד־הָעָ֖ם אֶל־דָּוִ֑יד וַיְהִ֣י כָֽל־יִשְׂרָאֵ֡ל אֶ֣לֶף אֲלָפִים֩ וּמֵאָ֨ה אֶ֤לֶף אִישׁ֙ שֹׁ֣לֵֽף חֶ֔רֶב וִֽיהוּדָ֕ה אַרְבַּע֩ מֵאֹ֨ות וְשִׁבְעִ֥ים אֶ֛לֶף אִ֖ישׁ שֹׁ֥לֵֽף חָֽרֶב
Somente na passagem de II Samuel 24:9 aparece a palavra חַ֙יִל֙ (chayil) que significa "eficiência" e que está, atrelada ao contexto militar, denotando qualificação tendo sido traduzida por “homens de guerra” (ACF) ou “habilitados para o serviço militar” (NVI), isto é, o autor estava registrando especificamente a quantidade de homens prontos para o combate e que haviam sido treinados. Na passagem de I Crônicas 21:5 não ocorre a palavra חַ֙יִל֙ (chayil) pois o autor estava registrando o número total de homens disponíveis para lutar (soldados treinados e civis) tanto em Israel quanto em Judá e daí os números maiores. Novamente não são textos contradizentes mas complementares.
18- A Bíblia se contradiz quando diz que Deus enviou seu profeta para ameaçar David com sete anos de fome (II Samuel 24:13) e depois diz que foi com três (I Crônicas 21:12). MENTIRA
A Septuaginta (tradução do Velho Testamento em grego feita em 250 a.C. por cerca de 70 eruditos hebreus em Alexandria, no Egito) já apresentava o número três na passagem de Samuel, o mesmo que em Crônicas, e temos aí um provável erro de tradução posterior devido à semelhança entre as letras hebraicas ז (zain) e ג (gimel) sete e três, respectivamente. A Nova Versão Internacional (NVI), por exemplo, traz a correção desse provável erro de copista mencionando o número três em II Samuel 24:13. A inspiração divina da Bíblia repousa sobre seus originais e não sobre suas cópias.
19- A Bíblia se contradiz quando diz que Acazias começou a governar Jerusalém aos 22 anos (II Reis 8:26) e depois diz que foi aos 42 anos (II Crônicas 22:2). MENTIRA
No ano 914 a.c. Atália, filha de Acabe (rei de Israel) e mãe de Acazias, casou-se com Jeorão (II Reis 8:18), filho de Jeosafá (rei de Judá) de maneira que o rei Jeosafá se tornou parente do rei Acabe. No mesmo ano acredita-se que Acazias, que tinha 22 anos na época e não era filho biológico de Jeorão, tenha sido ungido rei para o reino de Judá pois Jeosafá e Acabe eram interessados em reunirem a monarquia que tinha sido dividida cerca de 70 anos atrás. Acabe (ou Jezebel) conspiravam para por um dos seus sobre o trono judaico, após a morte de Jeosafá, e isto poderia ser alcançado através da unção prévia de Acazias (neto de Acabe, controlado pela filha de Acabe, e neto-postiço de Jeosafá) como rei de ambos os reinos.
Acazias já tinha um filho chamado Joás o qual é mencionado como "filho do rei" em I Reis 22:26 e II Crônicas 22:11 confirmando que Acazias já era ungido rei naquela ocasião embora ainda não empossado pois Jeosafá ainda estava no trono.
No ano 902 a.c., Jeosafá (rei de Judá) e Acabe (rei de Israel) saíram juntos em guerra contra os Sírios e Acabe foi morto (II Crônicas 18:28–34). No mesmo ano Jeorão, com 32 anos, começou a reinar sobre Judá e matou todos os seus irmãos, em Judá, e muitos dos príncipes de Israel (II Crônicas 21:4–5).
Em 894 a.c, Jeorão morre, aos 40 anos, e Acazias, com 42 anos, filho postiço (enteado) de Jeorão e que já havia sido ungido rei 20 anos antes, finalmente toma posse e reina realmente sobre Judá durante 1 ano.
Novamente não são textos contradizentes mas complementares em relação ao seu contexto histórico de maneira que, enquanto em II Reis 8:26 o autor considera a idade de Acazias quando foi ungido rei, em II Crônicas 22:2 o autor fornece a idade de Acazias a partir de quando foi empossado.
20- A Bíblia se contradiz quando diz que Jehoiachin se tornou rei de Jerusalém aos 18 anos e governou por 3 meses (II Reis 24:8) e depois diz que foi aos 8 anos e governou por 3 meses e 10 dias (II Crônicas 36:9). MENTIRA
É o mesmo caso de Acazias pois depois da deportação do seu pai para a Babilônia (II Reis 24:1), Jeoiaquim tornou-se legalmente o rei de Judá, com apenas 8 anos de idade (II Crônicas 36:9), mas sua mãe governou como sua representante (Jeremias 13:18), até que ele fez 18 anos sendo essa a idade que o autor considera em II Reis 24:8 quando menciona o início prático de seu reinado (empossamento).
A irrisória diferença de 10 dias a mais em II Crônicas pode significar tanto que o registro de II Reis é um arredondamento quanto uma especificação atrelada ao fato de que a passagem registra o reinado desde o tempo quando Joaquim foi estabelecido legalmente e não desde o tempo em que foi empossado.
21- A Bíblia se contradiz quando diz que o chefe dos poderosos homens de David levantou a sua lança e matou oitocentos homens de uma só vez (II Samuel 23:8) e depois diz que foram trezentos (I Crônicas 11:11). MENTIRA
Josabe-Bassebete matou 800 homens, conforme II Samuel 23:8; e Jasobeão matou 300 homens, conforme I Crônicas 11:11. Jasobeão e Josabe-Bassebete são pessoas diferentes pois Josabe-Bassebete era filho de Taquemoni (II Samuel 23:8), e Jasobeão era filho de Zabdiel (I Crônicas 27:2). Eles faziam parte dos valentes de Davi, e ambos eram “chefe dos capitães”. II Samuel 23:8 e I Crônicas 11:11 citam os valentes de Davi mas estas não são descrições idênticas do evento. Portanto, não existe qualquer possibilidade de contradição entre estes textos.
No anor de Cristo, Graça e Paz!To