ESTER, UMA RAINHA SÁBIA E ESTUDO SOBRE O LIVRO


Prof. Raymundo Cortizo Perez, (Th.D.)
A história de Ester é uma das mais conhecidas da Bíblia e está registrada no livro do Antigo Testamento que traz seu nome. Ester foi uma judia exilada na Pérsia e viveu durante o período de reinado de Assuero (Xerxes) entre 486 e 465 a.C. Neste estudo bíblico, conheceremos mais sobre quem foi Ester na Bíblia.
Quem foi Ester na Bíblia?

Ester era uma jovem órfã, filha de Abiail, e, como já dissemos, uma judia exilada na Pérsia. Ester foi criada por seu primo Mardoqueu. O nome Ester muito provavelmente vem do persa stara e significa “estrela”, mas alguns intérpretes sugerem que talvez seu nome tenha ligação com o nome de uma deusa babilônica, a Ishtar. Já seu nome hebraico era Hadassa, que significa “murta”, um tipo de arbusto.
No texto bíblico, Ester é descrita como uma mulher que possuía notável beleza, tanto que foi contada entre as mais formosas do reino. O texto bíblico também enfatiza a bravura e a lealdade de Ester para com o povo judeu.
A história de Ester: Ester se torna rainha

Certo dia, o rei da Pérsia realizou uma festividade para o povo na fortaleza de Susã. Enquanto ele dava um banquete para homens, sua esposa, a rainha Vasti, oferecia um banquete às mulheres na casa real.
Em um determinado momento, o rei Assuero mandou chamar Vasti, ordenando que ela entrasse em sua presença usando a coroa real. A rainha se recusou a cumprir tal ordem, porque, muito provavelmente, implicava em alguma situação desonrosa à ela.
Com a recusa da rainha, Assuero a destitui do posto. Mais tarde, ele foi aconselhado a convocar as moças virgens e de boa aparência que havia em seu reino, e Ester estava entre essas jovens. Ester então alcançou favor na corte de Assuero, isto é, ela conseguiu o agrado necessário para poder sobreviver na corte. Obviamente isso foi resultado da providência divina (cf. Et 2:17; 5:2).
Ester foi submetida a um tipo de tratamento de beleza durante doze meses. Passado esse período, Ester foi conduzida por um dos eunucos a presença do rei. As jovens eram levadas ao rei e depois não retornavam mais a ele, exceto se o rei gostasse de alguma e a chamasse pelo nome.
Isto foi o que aconteceu com Ester. “O rei amou a Ester mais do que todas as mulheres, e ela alcançou perante ele favor e benevolência mais do que todas as virgens” (Et 2:17). Assim, Ester foi coroada rainha no lugar de Vasti. Foi feito um banquete pela coroação de Ester. Após se tornar rainha, Ester passou a viver no palácio em Susã.
A rainha Ester é informada sobre o plano de Hamã

Hamã, um importante príncipe do império da pérsia, resolveu destruir todos os judeus que havia no reino de Assuero, por conta de que Mardoqueu não se inclinava perante ele. A descrição de Hamã como “o agatita” sugere uma possível origem amalequita, povo que era inimigo mortal de Israel.
Mardoqueu contou a Ester o terrível plano de genocídio que Hamã iria executar, e lhe pediu para interceder perante o rei. A rainha Ester não podia entrar na presença do rei sem que fosse chamada, pois isso significaria colocar sua própria vida em risco.
Então Mardoqueu fez com que ela se atentasse ao fato de que Deus, providencialmente, poderia ter determinado os acontecimentos em sua vida para que ela pudesse estar exatamente em uma posição em que pudesse agir em favor dos judeus (Et 4:14).
Vale dizer que até aquele momento o rei não sabia que Ester era de origem judaica, assim, ele não sabia que havia permitido o extermínio do povo de sua rainha. Diante da situação delicada, a rainha Ester conclamou todos os judeus a jejuarem durante três dias, pois ela agiria contra a lei e entraria na presença do rei.

A rainha Ester usa de sabedoria e intercede pelos judeus

Após os três dias, Ester se aprontou com seus trajes reais e entrou no pátio interior da casa do rei. Assuero, assentado em seu trono, viu Ester parada no pátio e estendeu o cetro de ouro que tinha na mão em favor de Ester, permitindo que ela se aproximasse.
O rei perguntou o que ela queria, e disse-lhe que daria a ela até mesmo metade de seu reino. Ester, agindo com muita sabedoria, apenas o convidou juntamente com Hamã para participar de um banquete que ela havia preparado. Na ocasião do banquete, Ester solicitou permissão para preparar um segundo banquete no dia seguinte.
No segundo banquete, Ester revelou para o rei que ela era uma judia, e que todo o seu povo estava sentenciado à morte. Ester também contou que Hamã era quem tinha tramado todo aquela maldade.
O rei ficou muito furioso e deixou o banquete indo para o jardim do palácio. Hamã, sabendo que a situação havia ficado extremamente complicada para ele, resolveu permanecer ali para suplicar pela própria vida à Ester.
Quando o rei retornou à casa do banquete, encontrou Hamã caído sobre o divã de Ester. Aquela foi uma violação de protocolo irreversível, pois o rei entendeu que Hamã havia tentado violentar a rainha: “Porventura quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa?” (Et 7:8).
Quando o rei exclamou essas palavras, logo os servos da corte entenderam que aquele era o fim da linha para Hamã, e cobriram o seu rosto. Às vezes era costume entre os gregos e romanos cobrir o rosto de um sentenciado à morte, porém entre os persas essa é a única referência desse costume.
Hamã foi então enforcado na própria forca que ele havia preparado para Mardoqueu. Como o rei não podia revogar o decreto anterior, a rainha Ester conseguiu fazer com que um novo decreto autorizando os judeus a se defenderem fosse publicado. Assim, os judeus passaram a ter o direito a legitima defesa.
Como resultado disso, os judeus mataram seus inimigos e exterminaram a casa de Hamã. Talvez o pedido de Ester para que um segundo dia de matança ocorresse, demonstre que havia ali em Susã grande ódio contra os judeus (Et 9:13,14).
Ao todo foram mortos mais de 75 mil inimigos que odiavam o povo judeu, porém eles não tocaram nos despojos de seus inimigos. Talvez aqui possa ser visto um contraste com o episódio em que os despojos dos amalequitas foram tomados, fato que levou ao fim de Saul (1Sm 15:17-19).
Devido a todo aquele acontecimento, foi estabelecida a Festa de Purim como uma celebração permanente em Israel.
A história de Ester certamente nos leva a refletir sobre a soberania de Deus em cumprir os seus propósitos, bem como a importância de confiarmos em Deus, ainda que isto coloque em risco a nossa própria vida. Também devemos nos atentar para o fato de que devemos agir com sabedoria, sempre intercedendo a Deus para que Ele direcione as no as nossas ações.

O que nos ensina a história de Ester?
Ela nos ensina a não entrar em desespero por conta das adversidades e problemas, como também nos mostra que não devemos agir por impulso ou sem pensar nas consequências. Assim como Ester, tenha sabedoria e calma na hora de pensar, falar e tomar atitudes, busque ao Senhor e sua resposta divina antes de tomar decisões.

ESTUDO SOBRE O LIVRO
Prof. Raymundo Cortizo Perez, (Th.D.)

O livro de Ester é um dos livros que compõe o Antigo Testamento. Esse livro narra a história de Ester, Mardoqueu, Hamã e Assuero. Na Bíblia hebraica esse livro está organizado dentro do grupo chamado Megilote, cuja composição consiste em cinco livros. São eles: Rute, Cantares de Salomão, Eclesiastes, Lamentações e Ester. Neste estudo bíblico faremos um panorama do livro de Ester e conheceremos suas principais características.
Quem escreveu o livro de Ester?

O autor do livro de Ester é desconhecido. Alguns já sugeriram que tenha sido Mardoqueu, porém detalhes textuais tornam essa possibilidade bastante improvável. O que se sabe ao certo é que o autor do livro de Ester foi um judeu que possuía um grande conhecimento dos costumes persas, da geografia do império e da corte.
É bem provável que ele tenha vivido em Susã. Possivelmente ele também teve acesso aos escritos de Mardoqueu, às crônicas do governo persa e aos decretos reais. Devido a algumas semelhanças no estilo hebraico, Esdras e Neemias também já foram apontados como possíveis autores.
Data e ocasião em que o livro de Ester foi escrito

A data mais provável em que o livro de Ester foi escrito fica entre segunda metade do século 5 a.C e o início do século 4 a.C. Alguns tentam propor uma data mais recente, por volta do século 1 a.C. Entretanto, as evidencias praticamente descredenciam essa sugestão.
Já falamos que o autor do livro de Ester conhecia muito bem as dependências do palácio de Susã, e este palácio foi queimado em no máximo 30 anos após a morte do rei Assuero (465 a.C.). Também o autor demonstra uma postura favorável com relação ao rei persa.
Por último, a ausência da influência da linguística grega no texto, praticamente anula qualquer possibilidade do livro ter sido escrito após 331 a.C., quando Alexandre o Grande tomou o Império Persa. Considerando tudo isto, uma data entre 465 a.C. e o final do reinado de Artaxerxes I em 424 a.C. parece ser a melhor possibilidade.
Propósito e características do livro de Ester

O propósito principal do livro de Ester é explicar a origem da Festa de Purim e estabelecê-la como um memorial oficial do grande livramento que Deus concedeu ao povo judeu durante o período em que tiveram sob o domínio persa. Saiba mais sobre as festas judaicas.
O livro de Ester é um livro que possui uma riqueza literária muito grande. Seu autor dominava muito bem as técnicas para construção de uma narrativa envolvente, repleta de detalhes, tensão, contrastes e reviravoltas surpreendentes.
Um exemplo do nível de organização apresentado no texto é o contraste que autor estabelece de forma perfeita entre os planos de Hamã e o que de fato lhe aconteceu (Ester 6-7). O nível de sutileza nos detalhes empregados pelo autor pode ser notado no episódio em que Hamã suplica pela misericórdia de Ester e acaba sendo acusado de tentativa de estupro (Ester 7:7-9).
Mas toda essa forma impecável de escrita é utilizada pelo autor para apontar para a provisão de Deus na história da salvação do seu povo. O autor do livro de Ester conduziu muito bem uma narrativa de suspense que certamente prende a atenção do leitor.
Também é possível identificar algumas semelhanças entre a história contatada no livro de Ester e a história de José registrada no livro de Gênesis (cf. Ester 2:2-4; 3:10; 8:6; Gênesis 41:34-42; 44:34).
Contexto histórico descrito no livro de Ester

O livro de Ester se concentra no período de reinado do rei Assuero, conhecido na história como Xerxes I (486-465 a.C.). O livro relata alguns momentos da vida do povo judeu exilado sob o domínio do Império Persa. Os personagens principais do livro são: Ester, Vasti, Assuero, Mardoqueu e Hamã.
O Império Persa dominava 127 províncias, desde a Índia até a Etiópia (Ester 1:1,3; 10:1). Estima-se que naquela época o império possuía aproximadamente 100 milhões de habitantes. Destes, pelo menos 3 milhões eram judeus.
A história narrada no livro se passa em Susã, uma das três capitais persas. Essa cidade também servia como a residência real de inverno. Várias evidências arqueológicas e documentos históricos estão de acordo com os detalhes descritos no livro.
Existem indícios de que havia uma lei que limitava o governante persa a ter uma única esposa, porém o livro de Ester afirma que havia um harém no palácio de Assuero. Depois, achados arqueológicos confirmaram que de fato Dario e Xerxes tinham haréns.
Arqueólogos franceses descobriram nas ruínas de Susã os mesmos detalhes que são descritos pelo autor acerca do palácio (Ester 1:2-6; 2:11,14; 3:15; 5:1; 6:4; 7:7,8). Alguns questionam o motivo de Heródoto, historiador grego, não mencionar Vasti e Ester como esposas de Xerxes, enquanto destaca Amestris como sua mulher. Todavia, é conhecido que Heródoto por vezes omitiu em seus escritos personagens importantes.
Por outro lado, Heródoto registra que Xerxes convocou uma importante reunião em seu terceiro ano de reinado para discutir uma campanha contra os gregos. Isto está de acordo com o que é relatado no livro de Ester, onde uma assembleia de príncipes é descrita naquele mesmo ano (Ester 1:3).
A falta de menção ao nome de Deus no livro de Ester

É verdade que o nome de Deus não aparece diretamente mencionado no livro de Ester. Muitas especulações já foram feitas na tentativa de explicar o porquê do autor não ter citado explicitamente o nome de Deus, mas nenhuma delas é digna de nota. Apesar disto, o que se sabe é que o autor conseguiu transmitir perfeitamente a ênfase espiritual que pretendia.
No livro de Ester ele faz referência ao jejum e ao clamor dos judeus por ajuda. Obviamente eles estavam jejuando e pedindo ajuda a Deus. Mardoqueu também demonstra sua fé em Deus explicando que, se Ester falhasse, ele sabia que o socorro para os judeus aconteceria de alguma forma. Mardoqueu também expressa sua compreensão acerca da soberania de Deus quando enxerga a providencia divina na posição de honra que foi dada a Ester (Ester 4:13,14).
Aqui também vale mencionar o versículo que destaca a fala dos sábios e da esposa de Hamã, quando lhe disseram: “Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele” (Ester 6:13).
Nesta frase está mais do que clara a referência ao poder e a glória do Deus de Israel diante do fracasso iminente do arrogante e vaidoso Hamã. Na verdade, a forma com que o autor do livro conduziu a narrativa, coloca Deus em evidência do começo ao fim do livro de Ester.
Princípios fundamentais do livro de Ester

O livro de Ester ensina alguns princípios fundamentais para nossa vida cristã. Nele aprendemos que em determinados momentos o povo de Deus sofre intensas perseguições de seus inimigos, porém Deus preserva o seu povo durante os períodos difíceis.
No livro de Ester também aprendemos que, como povo escolhido do Senhor, devemos exaltá-lo por todas as suas maravilhas. Devemos permanecer fieis a Deus esperando sua provisão a nosso favor, confiando que Ele derrotará definitivamente todos aqueles que se levantam contra sua obra.
Esboço do livro de Ester

Introdução, contexto e a escolha de uma nova rainha (Ester 1-2).
O conflito entre Hamã e Mardoqueu, a ameaça ao povo judeu e a ruína de Hamã (Ester 3-7).
A defesa e o livramento do povo judeu (Ester 8-9)
Epílogo (Ester 10).
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O que nos ensina a história de Ester?
Ela nos ensina a não entrar em desespero por conta das adversidades e problemas, como também nos mostra que não devemos agir por impulso ou sem pensar nas consequências. Assim como Ester, tenha sabedoria e calma na hora de pensar, falar e tomar atitudes, busque ao Senhor e sua resposta divina antes de tomar decisões.

7 comentários:

  1. Notável artigo e estudo. É difícil encontrar preciosidade assim. Deus seja contigo. Prof. Eustáquio Riva - Santa Catarina

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    1. boa noite. agradeço o seu gentil comentário, a visita. Um fraterno abraço. Muitas bênçãos em sua vida

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  2. boa tarde, professor, porque o senhor discorda em muitos pontos da reforma luterana e calvinista? Alcebiades Querlon. Buenos Aires

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    1. Os Evangélicos ainda comem a marmita fria do catolicismo. A idéia central da Bíblia é católica, a Bíblia dos protestante em sua maioria é a tradução do Almeida - um seminarista ideolocigamente católico, ele de origem portuguesa. Meu irmão não posso expressar aqui tudo que entendo que está errado. Mas, vejamos a malfadada tradução: Maria, a Madalena não era prostituta; o apóstolo Paulo, inclui em sua obra citações pagãs, em Mateus a genealogia de Jesus está errada; em Lucas está certo. Moisés foi um homem dominado pelas idéias de seu sogro que era islâmico. Só para descontrair leia: 1. Padre virou pastor 2. Batina virou terno. 3 Missa virou culto. 4. Rezar virou orar; 5 Fiéis firaram membros. 6sermão virou opregação. 7 Novena virou campanha. 8 excomunhão virou excluído. 9 Agua benta virou óleom ungido. 9. Eucaristia virou santa ceia. 10 Catecismo virou estudo bíblico, 11 Cardeal virou oastor-presidente. 12 rsrsrsrsrs dízimo virou dízimo mesmo porque desta teta ninguém quer desmamar. Com certeza, vou publicar muito à respeito. Grato pela confiança, que Deus te abençoe sempre com o amor de Cristo.

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  3. Uma Grande Bênção, Meu Querido Amigo Professor... Amém...

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    1. boa noite meu amigo. sou sempre e muito grato pela sua visita e comentário. Que Deus o abençoe abundantemente a sua vida e daqueles que vocêr ama. No amor de Cristo, a santa paz de Deus;

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  4. Quais das funções que o senhor exerce mais lhe agrada? Me parece que é professor, pregador, teólogo e missionário. Tbm é doutor, mas se autodenomina de professor, por quê?

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