COMPOSIÇÃO BÍBLICA - TERCEIRA PARTE DO CURSO DE BIBLIOGRAFIA

COMPOSIÇÃO BÍBLICA - TERCEIRA PARTE DO CURSO DE BIBLIOLOGIA

Prof. Raymundo Cortizo Perez.

(cânon significa “autoridade, regra de fé”. O cânon está fechado, não há mais nenhum livro

inspirado!). Veja (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3).

Composição da Bíblia

A. 24 livros do cânon judaico do VT (equivalentes aos nossos 39 livros, o mesmo que

hoje é chamado de "Texto Massorético de BEN CHAYyIM" e que, depois da invenção da

Imprensa, foi impresso por Daniel Bomberg, um abastado cristão veneziano originário da

Antuérpia, em 1524-5. A edição da segunda publicação ficou a cargo de Jacob Ben

Chayyim);

Não confundir Ben Chayyim com Ben Asher. Não confundir o Texto Massorético de

Ben Chayyim (100% genuíno) com o falso Texto Massorético, de Ben Asher

(conhecido como Bíblia Stuttgartensia). Não confundir a Bíblia Hebraica de Kittel

(BHK) 1a e 2a edição [1906 e 1912, baseadas no Texto Massorético de Ben Chayyim]

com as BHK edições posteriores, baseadas no falso Texto Massorético, de Ben Asher.

B. 27 livros do cânon do NT (os mesmos que, depois da invenção da Imprensa, foram

impressos, terminando por serem conhecidos pelo nome de TR, ou "Textus Receptus", isto

é, "O Texto Recebido").

"Textus Receptus": do latim “textum ergo habes, nunc ab amnibus receptum”, que

significa: texto ora recebido por todos. Foi a frase escrita no prefácio da edição de

1633, do N.T. grego dos irmãos Elzevir (impressores holandeses de origem judaica).

São os 27 livros do N.T. que foram recebidos pelas igrejas do século I, das mãos dos

homens inspirados por Deus para escrevê-lo; e, também, recebido pela Reforma, das

mãos das pequeninas igrejas fiéis {perseguidas por Roma} e da Igreja Grega

Ortodoxa. O T.R. foi o texto usado pela igreja por quase 2000 anos, antes de surgirem

as versões modernas e deturpadas da Bíblia, baseadas no texto crítico, em 1881, com

o surgimento do “Novo Texto Grego” de Westcott e Hort. O T.R. foi usado em todo o

período bizantino (312-1453), donde foi traduzido por Almeida e é o texto grego do 

N.T. que os reformadores (Reforma Protestante) usaram no século XVI e XVII, para

traduzir a Bíblia em vários idiomas, inclusive o português.

O nome “massoretas” se refere aos rabinos judeus surgidos aproximadamente no

ano 100 d.C. que conservavam e transmitiam o texto bíblico. Eles substituíram os escribas.

Faziam anotações às margens do texto, chamadas “massorah”. Eles incorporaram os sinais

vocálicos ao texto hebraico (que não possui vogais), entre o 5o e 6o séculos.

Apesar de toda oposição, a Bíblia é o livro mais antigo, mais famoso e mais lido do

mundo. Escrito em mais de 2000 línguas e dialetos, já atravessou 3.000 anos. É

também o livro de maior circulação em todo o mundo. Em 1996, por exemplo, foram

distribuídos 20 milhões de Bíblias em todo o mundo. Só no Brasil, foram quase 7

milhões e na China circulam cerca de 3 milhões. Por tudo isto, podemos dizer, sem

medo de errar que a Bíblia tem origem sobre-humana!

Os nomes mais comuns dados à Bíblia são:

1. Livro do Senhor (Is 34:16).

2. Palavra de Deus (Mc 7:13; Jo 10:35; Hb 4:12).

3. Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt 21:42; Lc 4:21; Jo 7:38, 42; Rm 1:2; Rm 4:3;

Gl 4:30).

4. A Verdade (Jo 17:17; Rm 15:8).

5. Lei (Sl 119); Lc 10:26; Mt 5:18).

6. Mandamentos (Sl 119).

7. A Lei e os Profetas (Mt 5:17; Lc 16:16).

8. A Lei de Moisés (Lc 24:44).

9. Oráculos de Deus (Rm 3:2).

Assim como Jesus Cristo (que é a Palavra Viva, 1 Jo 1:1; Ap 19:13) é 100% Humano e

100% Divino, a Bíblia (que é a Palavra escrita) é humana e divina e sem erros!

A Palavra de Deus é: inspirada (Sl 19:7-11; 119:89; 105, 130, 160; Pv 30:5-6; Is 8:20; Jr

1:2, 4, 9; Lc 16:31; 24:25-27; 44-45; Jo 5:39, 45-47; 12:48; 14:26; 16:13; 17:17; At 1:16;

28:25; Rm 3:4; 15:4; 1 Co 2:10-13; 2 Co 2:4; Ef 6:17; 1 Ts 2:13; 2 Tm 3:16-17; 1 Pe 1:11-12;

2 Pe 1:19-23; 1 Jo 1:1-3; Ap 1:1-3; 22:19); eterna (Sl 119:89; Mt 24:35); única regra de fé e

prática (Is 8:20; Jo 12:48); suficiente para a vida cristã (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe

1:3; Jd 3); lâmpada para os nosso pés (Sl 119:105); amada pelos salvos (Sl 119:47, 72, 82,

97); purificação da vida (Sl 119:9); para ler, estudar e examinar (Dt 17:19; Js 1:8; Jo 5:39;

17:11); alimento espiritual (1 Pe 2:2); para a santificação (Jo 17:17); proveitosa para toda

boa obra (2 Tm 3:16); preservada (Lc 21:33); fogo consumidor (Jr 5:14); martelo (Jr 23:29);

fonte de vida (Ez 37:7); poder para a salvação (Rm 1:16); penetrante (Hb 4:12); algo a ser

defendido pelos santos (Jd 3); para ser pregada a todos (Mt 28:18-20; Mc 16:15); espelho

(Tg 1:23-25); semente (1 Pe 1:23); espada (Ef 6:17); comida (Hb 5:12-14); mel (Sl 119:103);

leite (Hb 5:13); viva e atual (Jo 6:63 b; Hb 4:12; 1 Pe 1:23; 1 Jo 1:1).

A Bíblia é o livro pelo qual todos os homens serão julgados (Jo 12:48).

A Utilidade da Bíblia

“Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a

correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e

perfeitamente habilitado para toda boa obra.” 2 Tm 3:16-17. Examine ainda 1 Coríntios

10:11 e Romanos 15:4.

A Bíblia é um livro para ser examinado (Jo 5:39); crido (Jo 2:22); lido (1 Tm 4:13);

recebido (1 Ts 2:13); confirmado e aceito (At 17:11).

Alguns dos objetivos da Bíblia são: avisar os crentes (1 Co 10:11); manifestar o

cuidado de Deus (1 Co 9:9, 10); ensinar e instruir (Rm 15:4); aperfeiçoar o cristão para toda

boa obra (2 Tm 3:16-17); fazer o homem sábio para a salvação (2 Tm 3:15); produzir fé na

divindade de Cristo (Jo 20:31); produzir vida eterna (Jo 5:24).

A unidade da Bíblia é sem paralelo. Nunca, em qualquer outro lugar, uniram-se tantos

tratados diferentes, históricos, biográficos, éticos, proféticos e poéticos, para

perfazer um livro. Assim como todas as pedras lavradas e as tábuas de madeira

compõem um edifício ou, melhor ainda, como todos os ossos, músculos e ligamentos

se combinam em um corpo, assim também é com a Bíblia.

2.3. A Mensagem Central da Bíblia

Entre a Bíblia e os outros escritos religiosos e filosóficos existe um abismo

intransponível. A Bíblia é o único Livro que “se atreve” a prever o futuro e o faz com 100%

de precisão e acerto! (Dt 18:20-22; Is 41:22-23; 42:8-9; 44:6-8).

Certamente, valores como a verdade, a honestidade, a justiça e o altruísmo são

comuns aos melhores escritos da humanidade. Nisso, a Bíblia se identifica com todos os

outros. Mas, o que dizer do Deus apresentado pela Bíblia? Que contraste com a energia

impessoal do Hinduísmo ou com os frágeis e grotescos deuses dos panteões greco-

romanos! Deus Se apresenta em toda a Sua majestade e grandeza: Santo, Justo, Fiel.

Onipotente, Onipresente e Onisciente; Perfeito em amor e misericórdia, Imutável em

todos os Seus atributos!

O próprio mistério da Trindade demonstra um Deus maior que nossa razão. O

homem, na Bíblia, é retratado no seu melhor e no seu pior estado. Enquanto na Filosofia o

homem é deificado como senhor do seu próprio destino, na Bíblia, o homem é criatura de

Deus, pecador e dependente.

Enquanto em algumas crendices o homem é parte de um jogo de dados cósmicos,

joguete nas mãos de forças poderosas, na Bíblia, o homem é criado por Deus com

dignidade e sentido na História.

O caminho bíblico para a salvação vai de encontro à idéia arraigada, no espírito

humano, de que cada um deve promover a sua própria salvação. Na Bíblia, a salvação é um

presente que não pode ser comprado, mas deve ser recebido com gratidão.

O perdão dos pecados não ocorre por cerimônias vazias (como na igreja católica

romana, por exemplo), mas, mediante a morte do Filho de Deus na cruz, no lugar dos

pecadores. O destino final, na Bíblia, não é a aniquilação da personalidade, nem um

paraíso de prazeres carnais (como no Islamismo); mas, a comunhão com Deus por toda a

eternidade. E isto ocorrerá somente para aqueles que um dia aceitaram o caminho

oferecido por Deus (Jesus Cristo – Jo 14:6).

Homens não narrariam seus próprios pecados, derrotas, idolatrias, etc. Nenhum

homem conceberia a idéia de um inferno de sofrimento eterno. Isto mostra que a Bíblia é

um livro inspirado por Deus!

A Bíblia se opõe a certos conceitos filosóficos do mundo, e os refuta:

1. Ateísmo (Sl 14:1; 53:1; Jr 4:22).

2. Politeísmo (Mc 12:32; 1 Co 8:6; Ef 4:6; 1 Tm 2:5; Tg 2:19).

3. Materialismo (Mt 6:19-21, 24; Mt 19:16-26, 29; 1 Tm 6:10a; Sl 62:10b).

4. Panteísmo (Gn 1:1, 26; Mt 1:1, 18; Jo 1:1, 18; 16:7; 2 Co 13:14; Hb 13:8; 1 Jo 5:7).

5. A eternidade da matéria (Gn 1:1).

6. Filosofia (1 Co 1:22; Cl 2:8; 1 Tm 6:20; Tg 1:5).

2.4. A Bíblia em Capítulos e Versículos

A divisão da Bíblia em capítulos só veio acontecer no ano de 1250 A.D., pelo cardeal

Hugo de Sancto Caro, monge dominicano. Alguns pesquisadores atribuem essa divisão

também a Stephen Langton, professor da Universidade de Paris e mais tarde arcebispo da

Cantuária, em 1227.

Em 1525, Jacob Ben Chayyim, na Bíblia Bomberg, em Veneza, havia dividido o Antigo

Testamento em versículos.

O Novo Testamento foi dividido em versículos em 1551, por Robert Stephanus, um

impressor de Paris, que publicou a primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e

versículos em 1555.

2.5. As Abreviaturas na Bíblia

Em índices e citações bíblicas, é comum o uso de abreviaturas para se referir aos

textos bíblicos. Um dos formatos convencionados segue o padrão abaixo:

1. Os dois pontos (:) separam o capítulo dos versos. Usa-se também o ponto (.).

2. O hífen (-) indica uma faixa contínua de versos.

3. A vírgula (,) indica uma seqüência não contínua de versos.

4. O ponto-e-vírgula (;) inicia um novo capítulo do mesmo livro ou não, se seguido de

nova abreviação.

Exemplos:

 2 Ts 2:2-12 = Segunda Tessalonicenses, capítulo 2, versículos 2 a 12

 Gn 3.1-15 = Gênesis, capítulo 3, versículos 1 a 15.

 Rm 11:18 = Romanos, capítulo 11, versículo 18.

 Dn 9:25,27; 11.3-43 = Daniel, capítulo 9, versículos 25 e 27; e capítulo 11,

versículos 3 a 43.

 Mt 24-26; Ap 1:1-8 = Mateus, capítulo 24 ao capítulo 26; Apocalipse, capítulo 1,

versículos 1 a 8.

2.6. Alguns Termos e Seus Significados

1. Antilegômena (falar contra). São os livros bíblicos que em certos momentos da

História foram questionados por alguns.

2. Apócrifos (escondidos ou duvidosos). Livros não-bíblicos aceitos por alguns

(como a igreja católica romana), mas rejeitados por outros, por não serem.

inspirados e conterem muitos erros, o que prova serem de autoria humana e

não divina.

3. Cânon. Do grego "kánon", e do hebraico "kaneh", regra; lista autêntica dos

livros considerados como inspirados.

4. Epístolas (cartas).

5. Evangelho (caminho; boas novas).

6. Homologoumena (falar como um). São os livros bíblicos que foram aceitos por

todos e que em momento algum foram questionados.

7. Paráfrase (tradução livre ou solta). O objetivo é traduzir “a idéia” e não as

palavras.

8. Pseudepígrafos (falsos escritos). Livros não-bíblicos (não canônicos) rejeitados

por todos. Seus escritos se desenvolvem sobre uma base verdadeira, seguindo

caminhos fantasiosos.

9. Sinópticos (síntese). Os três primeiros evangelhos são chamados de evangelhos

sinópticos, pois são muito parecidos e sintetizam a vida de Jesus;

10. Testamento (Aliança, Pacto, Acordo).

11. Tradução (transliteração de uma língua para outra).

12. Variantes. Diferenças encontradas nas diferentes cópias de um mesmo texto,

mediante comparação. Elas atestam o grau de pureza de um escrito;

13. Versão (tradução da língua original para outra língua).

De capa a capa a Bíblia é a mensagem do amor de Deus por nós. Devemos estudá-la

diligentemente todos os dias para termos discernimento e crescimento espiritual e

vivermos no padrão de Deus, glorificando nosso Criador e Redentor.

2 comentários:

  1. Botável estudo, completo, bíblico, teológico, uma maravilha. Para quem precisa de estudar aqui é o lugar certo. Grande abraço pastor Raymundo, daqui da bela e santa catarina- rio do sul. Tiago Mataqueiro, pastor da AD

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    1. Deus o abençoe, meu irmão, muitas bênçãos em sua vida. Graça e Paz!

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