CONHECENDO A BÍBLIA - PRIMEIRA AULA DE BIBLIOLOGOGIA

 CONHECENDO A BÍBLIA - PRIMEIRA AULA DE BIBLIOLOGIA

Prof Raymundo Cortizo Perez, (Th.D.)

“A Bíblia é o Livro de Deus” (Is 34:16).
A palavra Bíblia (Livros) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês,
passando primeiro pelo latim bíblia, com origem no grego biblos (folha de papiro do século
XI a.C. preparada para a escrita). Um rolo de papiro tamanho pequeno era chamado
“biblion”, e vários destes era uma “Bíblia”. Portanto “Bíblia” quer dizer “coleção de vários
livros”.
No princípio, os livros sagrados não estavam reunidos uns aos outros como os temos
agora em nossa Bíblia. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no séc. II pelos
chineses, bem como a invenção da impressão por tipos móveis, em 1450 A.D. por
Guttenberg, tipógrafo alemão. Até então tudo era manuscrito como ocorria anteriormente
com os escribas, de modo laborioso, lento e oneroso.
Com a invenção do papel desapareceram os rolos e a palavra biblos deu origem a
“livro” como se vê em biblioteca (coleção de livros), bibliografia, bibliófilo (colecionador de
livros).
A primeira pessoa a aplicar o nome “Bíblia” foi João Crisóstomo, grande reformador e
patriarca de Constantinopla, 398-404 A.D.
Teologicamente a Bíblia é a revelação de Deus para a humanidade. Etimologicamente
é uma coleção de livros pequenos, cujo autor é Deus, o Espírito Santo é seu real
intérprete e Jesus Cristo seu TEMA UNIFICADOR, seu assunto central.
Cerca de 40 personagens se envolveram no registro e compilação dos 66 livros que
compõem a Bíblia Sagrada (1 Ts 2:13; 1 Pedro 1:20-21). Os escritores viveram distantes uns
dos outros (11 países diferentes), em épocas e condições diferentes, não se conheceram
(na época a comunicação era praticamente impossível) pertenceram às mais variadas
camadas sociais, e tinham cultura e profissões muito diferentes.
Foram das mais diferentes categorias (19 ocupações diferentes): escritores,
estadistas, camponeses, reis, vaqueiros, pescadores, cobradores de impostos, instruídos e
ignorantes, judeus e gentios. Ex: legislador (Moisés); general (Josué); profetas (Samuel,
Isaías, etc.); Reis (Davi e Salomão); músico (Asafe, compôs 12 Salmos); boiadeiro (Amós);
príncipe e estadista (Daniel); sacerdote (Esdras); coletor de impostos (Mateus); médico
(Lucas); erudito (Paulo); pescadores (Pedro e João).
São aproximadamente 50 gerações de homens. Um exame das vidas dos escritores
mostra a verdade deste testemunho. Esses eram homens sérios. Eles vieram de todos os
caminhos da vida. Eram homens de boa reputação e mente brilhante. Muitos deles foram
cruelmente perseguidos e mortos pelo testemunho que mantiveram. Não ficaram ricos
pelas profecias que deram. Longe disso. Muitos empobreceram. O autor dos cinco
primeiros livros da Bíblia escolheu viver uma vida terrivelmente pesada e de lutas ao
serviço de Deus em oposição à vida milionária que ele poderia ter tido como o filho do
Faraó. Muitos escritores da Bíblia fizeram escolhas semelhantes. Suas motivações
certamente não foram convencionais nem mundanamente vantajosas. Eles não eram
homens perfeitos, mas eram homens santos. As vidas que eles viveram e os testemunhos
que deram e as mortes de que morreram deram forte evidência de que estavam dizendo a
verdade.
Cada escritor manifestou seu “próprio jeito de escrever” (idiossincrasia), seu estilo e
características literárias. A Bíblia possui aproximadamente 10 estilos literários diferentes:
1. Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios).
2. Parábolas (evangelhos sinóticos)
3. Alegorias (Gl 4).
4. Metáforas (Gn 6:6; Êx 15:16; Dt 13:17; Sl 18:2; 34:16; Lm 3:56; Zc 14:4; 2 Co 3:2-
3; Ef 4:30; Tg 3:6).
5. Comparações (Mt 10:1; Jo 21:25; Cl 1:23; Tg 1:6).
6. Figuras poéticas (Jó 41:1).
7. Sátiras (Mt 19:24; 23:24).
8. Figuras de linguagem (Sl 36:7; Sl 44:23).
Demoraram cerca de aproximadamente 1600 anos para escrever os 66 livros. 1491
a.C., quando Moisés (teve a visão do passado) começou a escrever o Pentateuco, no meio
do trovão no monte Sinai, até 97 d.C., quando o apóstolo João (teve a visão do futuro), ele
mesmo um “filho do trovão” (Mc 3:17), escreveu seu evangelho na Ásia Menor.
Entretanto, há na Bíblia um só plano ou projeto, que de fato mostra a existência de
um só Autor divino, guiando os escritores. A Bíblia é um só livro. Tem um só sistema
doutrinário, um só padrão moral (expressão da autoridade de Deus), um só plano de
salvação, um só programa das eras.
As diversas narrativas ali encontradas dos mesmos incidentes e ensinamentos não
são contraditórias, mas suplementares. Não há em todo o seu conteúdo uma só
contradição, e um livro sempre dá continuidade ou complementa o outro, apesar das
condições em que foram escritos. Muitas vezes, um autor iniciava um assunto e, séculos
depois, outro o completava.
Os escritores humanos fornecem variedade de estilo e matéria. O Autor Divino
garante unidade de revelação e ensino.
Em todo o seu conjunto, possui uma harmonia, que só pode ser explicada como
sendo um “MILAGRE”.
A Bíblia é a coleção das exatas palavras dos 66 livros que constituem o seu CÂNON
(cânon significa “autoridade, regra de fé”. O cânon está fechado, não há mais nenhum livro
inspirado!). Veja (Mt 4:4; Jo 12:48; 2 Tm 3:16-17; 2 Pe 1:3; Jd 3).

-------Publicarei aqui, a matéria de Bibliologia do curso de bacharel, em teologia.

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