AS SETE CARTAS ÀS IGREJAS DO APOCALIPSE E SU REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA PROFÉTICA - TEOLOGIA


As Sete Cartas às Igrejas do Apocalipse e Sua Representação

Histórica e Profética Artigo Teológico.
Prof. Raymundo Cortizo Perez, (Th.D.)
Estas sete cartas às igrejas das Ásia servirão de base para nossos futuros estudos.
Cremos que elas não sejam apenas históricas, mas também proféticas. Sem dúvida, elas
são terminantemente históricas, e este fato deve pesar no que diz respeito ao estudo de
seu caráter profético. As sete igrejas realmente existiram nas sete cidades aqui citadas, e
nas condições aqui descritas. Porém, é igualmente claro que elas foram destinadas, por
aquEle que sabe tudo do início ao fim, a ter um significado profético, assim como sua
aplicação histórica. Estas igrejas locais foram selecionados em meio a muitas, e assim
dispostas e descritas de modo a prenunciar o que havia de vir. Limitar sua aplicação
apenas às sete igrejas literais que se encontravam na Ásia seria estragar a unidade do livro
de Apocalipse, e perder de vista as bênçãos prometidas. “Bem-aventurado aquele que lê, e
os que ouvem as palavras desta profecia” (Apocalipse 1:3). O caráter de todo o livro é
profético e simbólico. O segundo e o terceiro capítulo não são exceções. Eles são
introduzidos pelo próprio Senhor em seu caráter místico: “O mistério das sete estrelas, que
viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete
igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.” (Apocalipse 1:20).
O número sete é característico. Ele marca um círculo completo dos pensamentos e
modos de Deus quanto ao tempo. Daí vêm os sete dias da semana, as sete festas de Israel
e as sete parábolas do reino dos céus em mistério. Este número é frequentemente usado
no decorrer do livro de Apocalipse ao tratar de judeus, gentios e a igreja de Deus como
responsáveis diante de Deus sobre a Terra. Por isso vemos sete igrejas, sete estrelas, sete
castiçais, sete anjos, sete selos, sete trombetas, sete taças e as sete últimas pragas. Apenas
nos capítulos 2 e 3 vemos a igreja como responsável diante de Deus sobre a Terra, e como
objeto do governo divino. Nos capítulos 4-19 a igreja está no Céu. Então ela aparece
novamente em plena glória manifesta com seu Senhor apenas no capítulo 19: “E seguiam-
no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro.”
(Apocalipse 19:14).
No corpo do livro, especialmente a partir do capítulo 6, é feita menção a judeus e
gentios, que são tratados judicialmente a partir do trono de Deus no Céu. Porém isto não
acontecerá até que a igreja - a verdadeira noiva do Cordeiro seja arrebatada para o Céu, e
as coisas meramente nominais e corruptas sejam finalmente rejeitadas.
Esta divisão do livro em três partes, vinda do próprio Senhor, torna a ordem dos
eventos bastante clara, e deve ter um imenso peso como princípio de interpretação no
estudo de Apocalipse. No capítulo 1:19 Ele nos fala do conteúdo e plano do livro inteiro:
“Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer”.
“As coisas que tens visto” se referem à revelação de Jesus como vistas por João no capítulo
1; “as coisas que são”, como a condição presente do corpo professante como apresentado
nos capítulos 2 e 3. “As coisas que depois destas hão de acontecer” são referentes ao
capítulo 4 em diante. A terceira divisão começa no capítulo 4. Uma porta no Céu é aberta,
e o profeta é chamado para subir até lá.
As coisas que são, e as coisas que devem acontecer depois destas, não poderiam, de
maneira alguma, acontecerem ao mesmo tempo. Uma deve terminar antes que a outra
comece.
Quando o número sete é usado, não em sentido literal, mas simbolicamente, sempre
tem o significado de completude. É evidente, portanto, que seja utilizado nos capítulos 2 e
3. Como sabemos, havia outras igrejas além daquelas mencionadas, mas sete são
selecionadas e associadas a fim de apresentar um quadro completo do que se
desenvolveria posteriormente na história da igreja sobre a Terra. Os mais importantes
elementos morais que existiam naquelas igrejas naquele momento, o Senhor previu que
reapareceriam no decorrer do tempo. Assim temos uma figura sete vezes perfeita - isto é,
divinamente perfeita - dos sucessivos estados pela qual passaria a igreja professa durante
todo o período de sua responsabilidade sobre a Terra.
Vamos agora resumir rapidamente o que é apresentado sobre essas sete igrejas, e
dar uma ideia geral dos diferentes períodos da história aos quais elas se aplicam.
1.6. Um Resumo das Sete Igrejas
Éfeso: Em Éfeso o Senhor detecta a raiz de todo o declínio. “Deixaste teu primeiro
amor”. Ela é ameaçada a ter seu castiçal removido a menos que se arrependa. Período: da
era apostólica até o final do segundo século.
Esmirna: A mensagem a Éfeso é geral, mas para Esmirna é específica. E, apesar de
aplicada àquela assembleia naquele tempo, ela prefigura, de forma muito marcante, as
repetidas perseguições pela qual a igreja passou sob os imperadores pagãos. No entanto,
Deus pode ter usado o poder do mundo para deter o progresso do mal dentro da igreja.
Período: do segundo século até Constantino.
Pérgamo: Aqui temos o estabelecimento do Cristianismo por Constantino como a
religião do Estado. Em vez de perseguir os cristãos, ele os patrocina. A partir daí a queda da
igreja avança rapidamente. Sua aliança profana com o mundo resultou em sua mais triste e
profunda queda. Foi então que ela perdeu o verdadeiro sentido de sua relação com Cristo
no Céu, e de seu caráter como peregrina e estrangeira na Terra. Período: do começo do
quarto século até o sétimo século, quando o papado foi estabelecido.
Tiatira: Em Tiatira vemos o papado da idade média, em semelhança à Jezabel,
praticando todo o tipo de maldade, e perseguindo os santos de Deus, sob o disfarce de
zelo religioso. No entanto, havia um remanescente temente a Deus em Tiatira, a quem o
Senhor conforta com a brilhante esperança de Sua vinda, e com a promessa de poder
sobre as ações, quando o próprio Senhor reinará. Mas a palavra de exortação ao
remanescente é: “Mas o que tendes, retende-o até que eu venha” (Apocalipse 2:25).
Período: do estabelecimento do papado até a vinda do Senhor. Este período vai até o fim,
mas é caracterizado pela idade das trevas (idade média).
Sardes: Aqui vemos a parte Protestante da Cristandade que surgiu após a grande
Reforma. As características falhas do papado desaparecem, mas o novo sistema não tem
vida em si mesmo. “Tens nome de que vives, e estás morto” (Apocalipse 3:1). Mas há,
ainda, verdadeiros santos dentro desses sistemas sem vida, e Cristo conhece a todos. “Mas
também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo
andarão de branco; porquanto são dignas disso” (Apocalipse 3:4). Período: do século XVI
até hoje. Período marcado pelo início do Protestantismo após a Reforma.
Filadélfia: A igreja da Filadélfia apresenta um remanescente fraco, porém fiel à
palavra e ao nome do Senhor Jesus. O que os caracterizava era o fato de guardarem a
palavra da paciência de Cristo, e de não negarem Seu nome. A condição deles não era
marcada por qualquer exibição de poder, nem de coisa alguma grande externamente, mas
de uma próxima, íntima e pessoal comunhão com o Senhor. Ele está no meio deles como o
Santo e o Verdadeiro, e é representado como sendo o dono da casa. Ele possui “a chave de
Davi”. Os tesouros da palavra profética estão disponíveis para aqueles que estão dentro.
Eles estão também desfrutando de Sua paciência, e na expectativa de Sua vinda.
“Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da
tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” Período:
especialmente a partir da primeira parte do século XIX.
Laodiceia: Em Laodiceia temos mornidão - indiferença, latitudinarismo ou
ecumenismo - mas com altas pretensões, um espírito arrogante, e grande auto-suficiência.
Este é o último estado daquela que leva o nome de Cristo sobre a Terra. Mas, que lástima!
Isso é intolerável para Ele. Sua condenação final é chegada. Tendo separado, para Si
mesmo, cada verdadeiro crente das corrupções da Cristantade, o Senhor os vomita de Sua
boca. Aquilo que deveria ter sido doce a Seu paladar se tornou enjoativo, e é lançado fora
para sempre. Período: começando quase em paralelo ao período de Filadélfia, mas
especialmente próximo à cena final. Está ativa no período em que vivemos agora.

>>>No amor de Cristo, Graça e Paz!


2 comentários:

  1. Ilustre pastor Raymundo, confesso que é muito bom ver um homem tão apegado ao evangelho como o senhor o faz. Neste mundo em que satanáz usa tudo e todos, o senhor vai buscndo luz e ilumindo o seu caminho e também os de outras pessoas. Uma pergunta, meio esquisita: é muito comum as pessoas comparar o seu trabaalho a sua pessoa, o evangelismo, pregagões e as missões com o grande apóstolo Paulo, como é que o senhor reage a tal comparação. Que Deus continue abençoando-o sempre e dava vez mais. Reveredo Átila

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    1. Comparações existem. Mas, não entusiaso-me com elas. Isso é ilusão, é vaidade. Minha maneira se parece fico feliz, tenho grande admiração pelo irmão Paulo, apóstolo. Talves seja porque meu trabalho esteja focado na Ásia, onde Paulo pregou, fundou igrejas, e isso é o que faço, assim como ele, o meu salário é a graça de Deus. E igual a ele minhas orientações em tudo e por escrito. São igrejas fundadas, o evangelho ensinado é tudo por escrito. Fico feliz porque milhares de crianças aprendem e já não passam fome. Creio que Cristo Jesus, o Justo continuará como sempre a orientar para implantar em paises islâmicos o cristianismo. Graça e Paz!

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